quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Transtorno de Desenvolvimento

Terapia com células-tronco poderia reduzir níveis de inflamação e demonstrar se o autismo é uma doença autoimune.

Kathleen Raven

Famílias com crianças autistas podem enfrentar uma doença em que as perguntas superam as respostas e as escassas terapias não são muito eficazes. Para aprofundar o conhecimento sobre o assunto, o Instituto Sutter de Neurociência, na Califórnia, começou a recrutar participantes para uma terapia experimental com células-tronco. O Instituto pretende localizar 30 crianças autistas, de 2 a 7 anos, que tenham sangue do cordão umbilical registrado na Cord Blood Registry, uma empresa privada a quase 160km a oeste do Sutter. Outro teste clínico, com um total de 37 voluntários entre 3 e 12 anos já foi completado em Shenzhen, na China, mas os pesquisadores afiliados à Beike Biotechnology, a companhia que patrocinou o estudo, ainda não publicaram nenhum artigo a respeito do teste com células-tronco retiradas do cordão umbilical. E no momento pesquisadores mexicanos estão recrutando crianças para outro tipo de teste com células-tronco, retiradas do tecido adiposo dos participantes.

Os testes oficiais não significam, porém, que não são feitas terapia com células-tronco. “Nossa pesquisa é importante porque muitas pessoas vão a outros países e gastam uma fortuna em terapias que podem não ser válidas”, explica Michael Chez, neurologista pediátrico e pesquisador chefe do estudo em Sutter.

Uma grande diferença entre o teste de Sutter e os chineses é que o primeiro usará as células-tronco das próprias crianças, em vez das células de um doador. Chez levanta a hipótese de que uma das maneiras pela qual a infusão de células-tronco autólogas pode funcionar é reduzindo a inflamação no sistema imune do corpo. Isso responderia perguntas anteriores, que sugerem que o autismo pode ser uma doença autoimune. “Um de nossos objetivos é procurar sinalizadores de inflamação nas células”, declara ele.

O objetivo primário do estudo, porém, será avaliar mudanças na fala e compreensão de vocabulário dos pacientes. Para cada participante os pesquisadores criarão registros iniciais que estabelecem níveis atuais de habilidade. Os grupos serão divididos igualmente e um deles receberá uma infusão sem modificações de suas próprias células-tronco umbilicais, enquanto o outro receberá um tratamento placebo com injeção salina. Seis meses depois, a capacidade de compreender e formar palavras de todas as crianças será testada. Por fim os grupos serão trocados. Durante o estudo, com 13 meses de duração, os dois grupos receberão apenas uma infusão de células-tronco.

Nem todos os cientistas que estudam doenças de neurodesenvolvimento estão prontos para investir grandes esperanças no sucesso dos testes com células-tronco para o autismo. “Eu queria poder dizer que estou otimista em relação aos resultados”, desabafa James Carroll, neurologista pediátrico da Georgia Health Sciences University, em Augusta, que começou um teste clínico há dois anos para investigar como a terapia com células-tronco afeta pacientes com paralisia cerebral. “Mas até agora não vimos nenhum tipo de recuperação milagrosa em nossos pacientes com esse problema. Eu ficaria encantado se isso mudasse”.

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