terça-feira, 21 de outubro de 2014

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Dispositivo poderá ser utilizado para mapear a temperatura em nível molecular e auxiliar no tratamento de câncer

Os termômetros convencionais utilizados hoje para medir a temperatura corpórea poderão ser substituídos, em breve, por dispositivos em escala nanométrica (da bilionésima parte do metro) capazes de medir as variações de temperatura em nível molecular.
Um grupo de pesquisadores do Centro de Pesquisa em Cerâmicas e Materiais Compósitos (Ciceco) da Universidade de Aveiro, em Portugal, em colaboração com colegas do Instituto de Ciência de Materiais de Aragón da Universidad de Zaragoza, na Espanha, desenvolveu um protótipo de um nanotermômetro luminescente com possíveis aplicações biomédicas.
Descrito em artigo publicado na revista Advanced Materials, o dispositivo foi apresentado no 13º Encontro da Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais (SBPMat), realizado de 28 de setembro a 2 de outubro em João Pessoa, na Paraíba.

“Já submetemos uma patente do dispositivo na Europa e nos Estados Unidos, e algumas empresas se interessaram pela ideia”, disse Luis António Dias Carlos, pesquisador do Ciceco e um dos autores do protótipo, à Agência FAPESP.
De acordo com Dias Carlos, o dispositivo é baseado no conceito do uso de materiais 
luminescentes (emissores de luz) – como nanopartículas de íons lantanídeos trivalentes európio (Eu3+), térbio (Tb3+), itérbio (Yb3+) e érbio (Er3+) – para medir a temperatura.
Ao serem excitados por radiação ultravioleta – com energia mais elevada –, os íons (Eu3+ e Tb3+) emitem luz nas regiões espectrais do vermelho e do verde com intensidades que variam de acordo com a temperatura do material sobre o qual estão dispersos.
Dessa forma, é possível medir a temperatura analisando as variações de intensidade da emissão de luz dos íons a distância, sem a necessidade de contato físico entre o termômetro e o material que se pretende analisar, uma vez que a luz se propaga no espaço.
Dias Carlos já realizou pesquisa na área em colaboração com colegas do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Araraquara, com apoio da FAPESP.
“O nanotermômetro luminescente permite medir a temperatura de uma forma não invasiva com alta resolução espacial”, avaliou o pesquisador. “Fomos um dos primeiros grupos de pesquisa no mundo a propor o conceito de nanotermometria baseado na emissão de luz de íons lantanídeos.”
Possíveis aplicações
De acordo com o pesquisador da Universidade de Aveiro, uma possibilidade do uso do nanotermômetro luminescente está no mapeamento de temperatura com uma resolução especial de 1 mícron, como a de células tumorais.
“Sabe-se que a temperatura das células cancerosas é mais elevada do que a das células normais e que elas não resistem a temperatura superior a 42 ºC”, disse Dias Carlos.
A ideia é injetar nanopartículas luminescentes em pacientes com câncer de modo que elas sejam atraídas pelas células tumorais. Ao expor essas células tumorais a uma fonte de radiação com temperatura superior a 42 ºC seria possível eliminá-las seletivamente, sem afetar as células normais, indicou.
“A limitação para esse tipo de terapia hoje é que não existe um dispositivo capaz de medir localmente a temperatura das células”, disse Dias Carlos. “Se conseguirmos ter um nanotermômetro capaz de medir com rigor a temperatura local seria possível controlar com precisão a distribuição de calor em torno das células que interessam.”
Segundo o pesquisador, a medição da temperatura é crucial para inúmeros estudos científicos e desenvolvimentos tecnológicos e representa de 75% a 80% por cento do mercado mundial de sensores.
Os termômetros tradicionais não são geralmente adequados para medir a temperatura a escalas abaixo de 10 mícrons (cerca de dez vezes menos do que o diâmetro médio do cabelo humano).

Essa limitação intrínseca tem encorajado o desenvolvimento de novos termômetros que não exigem contato com a superfície medida e com precisão espacial da ordem dos mícrons ou mesmo nanômetros, segundo Dias Carlos.
“Esse campo de desenvolvimento de termômetros moleculares luminescentes é muito amplo e ainda há muitas coisas que precisamos fazer para desbravá-lo”, avaliou. 

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

XIV CONGRESSO BRASILEIRO DE BIOMEDICINA e II CONGRESSO INTERNACIONAL

Acontecerá na cidade de Araras, SP o congresso brasileiro de biomedicina e o II congresso internacional de biomedicina.
 
O evento terá inicio no dia 18 de novembro de 2014 (abertura) e o ciclo de palestras e cursos ocorre nos dias 19 e 20 de novembro de 2014. No dia 21 acontecerá a prova do titulo de especialista da ABBM. O evento é organizado pela Associação Brasileira de Biomedicina - tel. 11-33475555, Email: abbm@abbm.org.br e Website: www.abbm.org.br.
 
 
 

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Nobel de Medicina de 2014 vai para descoberta de 'GPS do cérebro'

O Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina de 2014 foi oferecido nesta segunda-feira (6) pelo Instituto Karolinska, em Estocolmo, aos pesquisadores John O'Keefe, May-Britt Moser e Edvard Moser por sua descoberta de células que formam um sistema de posicionamento no cérebro humano, uma espécie de "GPS" interno.
O prêmio será dividido: metade é do britânico-americano O'Keefe e o restante é do casal de noruegueses May-Britt e Edvard Moser. Os agraciados compartilharão um prêmio de 8 milhões de coroas suecas (US$ 1,1 milhão).
Como é comum ocorrer no Nobel, os trabalhos premiados se complementam ao longo de um amplo espaço de tempo. A pesquisa de John O'Keefe começou na década de 1970.
Em 1971, ele descobriu o primeiro componente do sistema de posicionamento -- um tipo de célula nervosa no hipocampo que era sempre ativada quando um roedor se encontrava num determinado local de um ambiente. Ele concluiu que essas "células de lugar" formavam um tipo de mapa de localização no cérebro.
Mais de três décadas depois, o casal Moser identificou outro tipo de célula nervosa que forma um sistema de coordenadas no nosso cérebro, permitindo-nos encontrar caminhos e saber nosso posicionamento de forma precisa.
A importância dos trabalhos dos pesquisadores, segundo o Instituto Karolinska, é que eles resolveram dúvidas que cientistas e filósofos discutiam há séculos: como sabemos onde estamos e por onde nos deslocaremos?
A descoberta de que o cérebro é capaz de trabalhar com "mapas" internos pode ajudar a compreender o que ocorre na mente de pessoas com o mal de Alzheimer, por exemplo, que comumente perdem seu senso de orientação.
A compreensão do "GPS cerebral" também é importante porque pode servir de paralelo para entender outras funções cognitivas complexas.
 

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Unicamp abre ambulatório de aconselhamento genômico

O Instituto de Pesquisa sobre Neurociências e Neurotecnologia (Brainn, na sigla em inglês), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) apoiados pela FAPESP, está oferecendo aconselhamento genômico a um grupo de pacientes da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O novo serviço inclui exames que permitem identificar predisposições genéticas a doenças e antecipar medidas de prevenção e tratamento.

Por enquanto, o aconselhamento genômico é oferecido gratuitamente a 100 pacientes que participam de pesquisas da instituição, mas a ideia é abri-lo para a população.

A identificação das possíveis doenças futuras ocorre por meio do sequenciamento do exoma, as sequências de DNA que direcionam a produção de proteínas essenciais ao funcionamento correto do organismo. Como grande parte das falhas que levam a doenças genéticas, hereditárias ou não, ocorre no exoma, seu sequenciamento permite analisar o DNA de um paciente para descobrir predisposições a doenças.

Diferente dos testes genéticos, focados nas doenças relacionadas a mutação em um único gene, o aconselhamento genômico considera mutações em diferentes partes do genoma.

“Por meio desse sequenciamento podemos fazer não só o diagnóstico molecular das doenças monogênicas, mas também de doenças mais complexas, que são causadas por mutações em mais de um gene, o efeito poligênico”, explicou a coordenadora do serviço, a médica geneticista Iscia Lopes Cendes, professora do Departamento de Genética Médica da FCM.

De acordo com Fernando Cendes, coordenador do Brainn, o sequenciamento e o rastreio de mutações genéticas podem levar a descobertas precoces de doenças neurológicas, como epilepsia, Parkinson e Alzheimer, um dos objetivos das pesquisas desenvolvidas no CEPID.
E também é possível revelar a predisposição a diversos tipos de câncer e condições que implicam, por exemplo, em risco cardiovascular, como a arritmia, que pode causar morte súbita, e hipertermia maligna, a suscetibilidade à reação a anestésico e relaxante muscular.

Além das informações do sequenciamento, o paciente conta no ambulatório com suporte profissional para a avaliação das medidas possíveis de serem adotadas após os resultados. Antes do teste, o paciente recebe esclarecimentos que o auxiliam na decisão sobre receber também os resultados dos achados incidentais.

O aconselhamento é feito por profissionais treinados pelo CEPID Brainn para orientar os pacientes sobre as descobertas em seu material genético, com informações a respeito dos riscos envolvidos e suporte psicológico adequado.

De acordo com Iscia, o trabalho abre novas possibilidades de formação. "Pretendemos criar a figura do aconselhador genômico, treinar médicos residentes, oferecer mestrado profissionalizante e abrir o leque de atuação dentro da medicina genômica. É ainda inédito no país."

Após ser encaminhado ao ambulatório por apresentar alguma condição de origem genética ou de difícil diagnóstico pelos métodos tradicionais e passível de ser detectada pelo sequenciamento do exoma, o paciente passa por um aconselhamento pré-teste, que esclarece sobre as chances de achados incidentais e o envolve no processo de tomada de decisões sobre as informações genéticas que serão investigadas.

O sequenciamento do exoma é feito no Laboratório de Genética Molecular e os dados são transferidos para o Laboratório de Biologia Computacional e Genética Estatística, ambos ligados ao Departamento de Genética Médica da FCM.

“A partir daí, eles são interpretados pelos profissionais e o processo de aconselhamento tem continuidade com as decisões sobre o que fazer com as informações encontradas”, disse Cendes.

Saúde pública
A maioria dos pacientes do ambulatório procura inicialmente diagnóstico de doenças neurológicas, principalmente epilepsia, foco dos estudos do CEPID Brainn. Os novos achados, no entanto, também serão contemplados pelo serviço, que tem o objetivo de ser incorporado na rede pública de saúde.

Em geral, o oferecimento dos testes envolvendo o sequenciamento do exoma no Brasil é limitado, concentrando-se na rede privada e, ainda assim, com grandes restrições, já que a maior parte dos exames é feita no exterior.

“Temos problemas de saúde inerentes à nossa população do ponto de vista genético e ambiental. Se esses problemas não forem relevantes para os grandes centros de pesquisa internacionais, nunca teremos soluções adequadas. Por isso, é preciso criar alternativas ajustadas à nossa realidade”, disse.

A incorporação do serviço pelo Sistema Único de Saúde (SUS), segundo os pesquisadores do Brainn, também levaria a uma economia nos gastos com a saúde pública em longo prazo.


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