quinta-feira, 17 de julho de 2014

Unindo ciências humanas à neurociência

Por Vilma Homero
    
 O filósofo Carlos Eduardo Batista de Sousa:
estudos sobre o pensamento humano
 
O homem é um animal puramente biológico ou um ser sociocultural? A pergunta vem dividindo especialistas das neurociências e das ciências humanas. Especialmente depois que estudos recentes visam identificar as bases neurais que possibilitam ou estão correlacionadas com o pensamento consciente. "A intencionalidade, o conteúdo do pensamento consciente, está associada às nossas ações. E este assunto se relaciona diretamente com o nosso contexto cultural e a nossa época, e com o entendimento sobre nós mesmos. O que significa dizer que a neurociência agora estuda um objeto típico das ciências humanas?", pergunta o filósofo da ciência Carlos Eduardo Batista de Sousa, que contou com o apoio de um Auxílio à Pesquisa (APQ 1) para estudar as dimensões que compõem a humanidade em projeto intitulado "Intencionalidade e Comportamento: Definindo a Natureza Humana". Como ele mesmo pondera, é possível formular uma resposta plausível, integrando o conhecimento das duas ciências.

"Tento acomodar os estudos nesses dois campos, das humanidades e das neurociências, vendo como a questão da intencionalidade está vinculada à neurobiologia humana e ao aspecto sociocultural", acrescenta o pesquisador. Ele explica que o tipo de pensamento que o ser humano tem acontece também em virtude de nossa história evolutiva. Ou seja, tanto a nossa neurobiologia quanto as interações sociais, nosso contexto cultural e a época, devem ser considerados na tentativa de entender a natureza humana. Diferentemente dos animais, o ser humano conta com uma estrutura intencional específica: "Pensar implica pensar em alguma coisa, é preciso ter um objeto em mente, ter uma representação desse objeto no pensamento que é sobre algo. De modo bem direto, isso é o que os filósofos descobriram há certo tempo. Esse conteúdo intencional emerge da neurobiologia e da interação social, influenciando nosso comportamento."

Descobertas recentes das neurociências indicam que o pensamento consciente está associado a certas regiões no cérebro, como o lobo  frontal, que se divide em córtex frontal e pré-frontal. A partir de tecnologias, como neuroimageamento e eletrofisiologia, que nos permitem identificar as áreas e mapear o que acontece durante o pensamento consciente, novos estudos estão se tornando possíveis de ser implementados, como por exemplo, investigar o cérebro em ação. "Mas ainda é prematuro dizer que partes do cérebro são responsáveis por cada coisa", admite o pesquisador.

Para De Sousa, estudar a natureza humana também implica estudar sua natureza biológica e sociocultural, por meio do trabalho científico e do trabalho crítico de tentar unificar as duas vertentes. "Entender tanto a biologia quanto a cultura a partir do problema da intencionalidade pode unir essas duas áreas aparentemente opostas, e isso significa reconhecer que o pensamento consciente-intencional se baseia na neurobiologia e na interação social, dando origem às nossas ações.

Mas nosso cérebro precisa estar em condições favoráveis, sob a ação de certos hormônios, como a dopamina – relacionada, por exemplo, com à tomada de decisão, cálculo de riscos, etc. Caso haja alguma anomalia no cérebro, a ação será diferente. Isso significa que a biologia precisa ser reconhecida como condição primeira, porém ela não determina o conteúdo, isto é, como vou formar meus pensamentos...", diz De Sousa.

Como De Sousa faz questão de frisar, apenas uma ciência, seja a neurociência ou a sociologia, não pode garantir explicações plausíveis sobre o comportamento humano. "Em vez de uma briga de conhecimento, como vem sendo vivenciado hoje, é preciso conciliar ciências humanas e neurociências num contexto mais amplo pela integração dos estudos", destaca De Sousa, que tem formação em filosofia e doutorado na Universidade de Constança, Alemanha. "Em vez de fornecer respostas, a filosofia aponta problema e possíveis caminhos. Minha proposta consiste em acomodar ambas as explicações de forma a dar conta dos vários fatores e aspectos que influenciam o conteúdo do pensamento humano, as intenções que levam o sujeito a agir de determinado modo e não de outro."

O próximo passo para De Sousa é dar continuidade a seu trabalho, procurando unificar os estudos sobre a natureza humana numa área transdisciplinar, já que o homem é um animal complexo. "Foi na Alemanha que dei início a essa pesquisa, durante o doutorado em neurofilosofia. Lá, esse tipo de pensamento integrador estava começando. Hoje, o assunto já avançou, permitindo um maior entendimento sobre o que nós somos a partir das neurociências e da perspectiva das ciências humanas que tem longa tradição de estudos na área. Sabendo como o cérebro aprende, se organiza e se deteriora, podemos entender por que agimos como agimos e encarar a realidade de outra forma, repensando inclusive o processo de educação. Assim, futuramente, poderemos até propor novas estratégias educacionais levando em consideração esse novo conhecimento. Com isso, poderemos também estabelecer uma nova visão de humanidade, mais completa, que inclua não apenas a neurobiologia, mas também a dimensão sociocultural", conclui.

Fonte: FAPERJ

terça-feira, 15 de julho de 2014

Nanotecnologia para fortalecer o esqueleto humano

Por Elena Mandarim

O grupo realizou inúmeras reações com hidroxiapatita 

para conseguir produzi-la em escala nanométrica
Entre curtos, longos e chatos, mais de 200 ossos compõem o esqueleto humano de um adulto. A estrutura óssea não só dá sustentabilidade ao corpo, como também protege os órgãos vitais e participa da produção de células sanguíneas. Outra função pouco conhecida, mas não menos importante, é que o tecido ósseo funciona como um grande reservatório de hidroxiapatita, que armazena o cálcio, um íon fundamental para diversas atividades fisiológicas do organismo, como contração muscular, transmissão de impulsos elétricos, controle hormonal, entre tantas outras. É assim que funciona: quando os níveis de cálcio no sangue estão baixos, um grupo de células ósseas lança alguns desses íons armazenados nos ossos para a corrente sanguínea e vice-versa.

Tudo funciona em perfeita harmonia, até que o processo de envelhecimento do corpo humano e alguns hábitos de vida, como o tabagismo, interferem nesse equilíbrio e desencadeiam um processo fisiológico chamado de osteopenia. Em outras palavras, consiste na diminuição da densidade mineral nos ossos, principalmente pela carência de cálcio, sendo uma condição precursora para a osteoporose. Como muita gente sabe, osteoporose é uma doença grave, mais comum em mulheres, que se caracteriza pela perda de massa óssea, levando à fraqueza dos ossos e ao aumento do risco de fraturas. 

Tal realidade se apresenta como um desafio para a medicina moderna, já que com o aumento da expectativa da vida humana, as doenças degenerativas se tornam mais frequentes e mais graves, a exemplo da própria osteoporose. Para se ter uma ideia, estima-se que, nos próximos 50 anos, triplique o número de pessoas com idade entre 65 e 85 anos e, com isso, haja um proporcional aumento dos casos da doença. Em relação ao esqueleto humano, outros problemas preocupam, como os traumas decorrentes de acidentes e alguns tipos de câncer, que provocam uma significativa perda de massa óssea. Como forma de auxiliar a regeneração óssea, o engenheiro químico Fabio Moysés Lins Dantas, do Instituto Nacional de Tecnologia (INT), liderou a pesquisa que desenvolveu um composto de hidroxiapatita nanoestruturada. Essa pesquisa também contou com o apoio dos pesquisadores Alexandre Rossi, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), José Mauro Granjeiros, da Universidade Federal Fluminense (UFF), e da empresa Polimera.

Material de hidroxiapatita manométrica em pó para ser usada    
  na produção de outros compostos, como os géis injetáveis
Sua principal finalidade é o preenchimento ósseo em geral, seja para aplicações médicas ou odontológicas. O projeto recebeu recursos do edital de Apoio à Inovação Tecnológica no Rio de Janeiro, da FAPERJ. "Já existem métodos de adsorver substâncias ativas de hidroxiapatita, permitindo que sejam liberadas e metabolizadas no organismo com a função de auxiliar da regeneração óssea. Nossa grande novidade foi controlar precisamente esse processo em escala nanométrica, com o objetivo de criar um produto inteligente que possa estimular o crescimento de ossos de forma rápida e eficiente. Os resultados experimentais foram tão promissores, que foi solicitado o pedido de patente do processo", comemora o pesquisador.

Segundo Dantas, a ideia surgiu ao constatar que ainda é muito questionável a tecnologia utilizada para produzir os principais substitutos ósseos disponíveis no mercado. "Isso faz com que o tempo de reintegração do tecido ósseo danificado, que nem sempre ocorre, seja muito lento. Se a parte lesionada for extensa ou se compromete a anatomia do corpo, esse longo período de recuperação é ainda mais penoso para o paciente”, relata o engenheiro.

Dantas afirma que teve ainda outra motivação para a pesquisa. “O Brasil tem uma atuação pouco expressiva na produção de substâncias ativas para a regeneração de tecidos. Somos muito dependentes de produtos importados nessa área. Nosso objetivo é oferecer um produto nacional de excelência, que possa ser competitivo com os similares importados.” Em seu projeto, Dantas fez inúmeras reações com a hidroxiapatita, com o objetivo de chegar a um protocolo ideal que fornecesse cristais nanométricos, de tamanhos homogêneos e que se dispersam com facilidade. Tais características são importantes para facilitar a manipulação clínica da hidroxiapatita, permitindo criar diferentes produtos, como os géis injetáveis que se destinam a aplicação no local da lesão. Estes, resumidamente, consistem em cristais nanométricos de hidroxiapatita envolvidos com uma nanocápsula formada por um biomaterial, neste caso um biopolímero. “A vantagem de usar cristais nanométricos é a facilidade na absorção da substância ativa, o que garante maior eficiência e rapidez na osteointegração. Mas, para isso, tivemos que desenvolver uma reação capaz de diminuir o processo de aglutinação dos cristais e estabilizá-lo.”

O nanocomposto de hidroxiapatita poderá ser utilizado de forma local ou associado a outras funções. No primeiro caso, a substância pode ser aplicada com sangue do paciente diretamente na matriz óssea. Um exemplo é aplicar na mandíbula do paciente quando esta está danificada e precisa ser recuperada para proceder com a colocação de implantes dentários. Já no segundo caso, o novo composto poderá ser usado associado a fármacos que controlem patologias ou infecções ósseas, como câncer ou osteomielite. Neste caso, a vantagem é controlar a doença e ainda promover uma rápida recuperação do tecido danificado durante o período da enfermidade. Para o pesquisador, a biomedicina está se desenvolvendo cada vez mais rápido para se tornar uma verdadeira "fábrica" de órgãos.
Microfotografia mostrando os nanocristais de
hidroxiapatita produzidos de forma homogênea

Talvez, em algumas décadas, alguém que estiver com um pulmão prejudicado, por exemplo, poderá substituí-lo por um “novo” para reparar as partes danificadas. “Embora pareça ficção científica, este é um prognóstico do que a engenharia de tecidos será capaz de realizar. Atualmente, laboratórios já produzem tanto partes simples do corpo humano, como pele e cartilagem, quanto biomateriais capazes de se integrar aos tecidos para ajudar na sua recuperação. Nesse sentido, estamos seguindo essa tendência e para poder oferecer, em breve, um produto que junte tecnologia e preço acessível”, conclui Dantas.



Fonte: FAPERJ

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Saúde ocular: confira sete dicas para não ter problemas de visão

No Dia Mundial da Saúde Ocular confira a matéria que achamos especial para esse dia.

É celebrado  hoje, 10 de julho, o dia Dia Mundial da Saúde Ocular. Sendo assim, especialistas recomendam cuidados especiais para um dos sentidos mais importantes do organismo. "A visão requer ações preventivas para evitar ou minimizar, ao máximo, problemas futuros como glaucoma e catarata", alerta o oftalmologista do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, Wilmar Silvino. 

Segundo dados recentes da Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira (IAPB), 258 milhões de pessoas no mundo têm algum problema de visão. Cerca de 80% delas poderiam evitar a situação se tomassem alguns cuidados básicos. "A identificação e o tratamento precoce, somado à conscientização das pessoas, são ferramentas poderosas contra a cegueira", reforça Silvino. 

Para sempre enxergar bem e não ter maiores problemas, confira algumas dicas do especialista para manter a saúde ocular em dia: 

Leve as crianças ao oftalmologista antes dos três anos, mesmo que elas não apresentem nenhum sintoma aparente. Isso porque micro desvios, que não são perceptíveis para leigos podem levar à atrofia do nervo ótico. "Depois dessa idade, esse processo é irreversível", analisa o médico. 

Caso note algum problema na visão dos pequenos, mesmo em recém-nascidos, não hesite em procurar a ajuda de um especialista. Os problemas mais comuns são: desvio de um dos olhos; e manchas brancas no centro dos olhos. 

Todas as pessoas acima dos 40 anos devem fazer visitas periódicas ao oftalmologista. "Após essa idade, o organismo começa uma linha degenerativa, que inclui o tecido ocular", informa Silvino. Nessa faixa etária, os problemas mais comuns são: sinais de hipertensão arterial; diabetes; e o glaucoma, que é a degeneração de nervo ótico. 

No caso de pessoas diabéticas ou hipertensas, a recomendação é ir ao especialista a cada seis meses. Isso evitaria as consequências dessas doenças que levam à cegueira. 

Não durma com lentes de contato, mesmo que o fabricante garanta que isso é possível. "Durante o sono, pode ocorrer perfuração da córnea sem que o paciente perceba", alerta o especialista. 

Não compre óculos prontos em farmácia, aeroportos e camelôs. Além de terem exatamente o mesmo grau para as duas lentes, o que é difícil ocorrer no dia a dia, eles não corrigem o astigmatismo. Os sintomas de que algo está errado são: sonolência, ardência nos olhos e falta de rendimento no trabalho. 

Nunca tome sol diretamente nos olhos. Use boné e óculos com absorção ultravioleta - que tem efeito cumulativo e provoca, entre outros problemas, catarata e degeneração macular da retina.

Fonte: Bonde

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Pesquisa em Imunibiologia

Conheça um pouco sobre o laboratório de pesquisa em Imunobiologia da UFF e as pesquisas que nele são desenvolvidas.

"Localizado no Instituto de Biologia, Campus do Valonguinho, o Departamento de Imunobiologia possui diversos laboratórios, onde são realizadas pesquisas que buscam aumentar o conhecimento sobre o sistema imunológico humano".



Fonte: UFF Imagem.
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