terça-feira, 2 de março de 2021

Física Yvonne Primerano Mascarenhas é primeira mulher a receber prêmio da Sociedade Brasileira de Física: pesquisadora atuou em instituições como Harvard e e Princeton, e foi elemento chave para o desenvolvimento da pesquisa em cristalografia no Brasil

A Sociedade Brasileira de Física anunciou que Yvonne Primerano Mascarenhas foi a ganhadora do Prêmio Joaquim da Costa Ribeiro de 2021. Segundo o anúncio, ela foi escolhida “por suas atividades de pesquisa pioneiras em cristalografia de raios X e por iniciar uma sólida comunidade científica nesta área no Brasil”. Outorgado pela instituição desde 2019,o prêmio Joaquim da Costa Ribeiro é uma distinção que foca especificamente a contribuição de cientistas para a área de física da matéria condensada e de materiais, ao longo da carreira. Mascarenhas é a primeira mulher a ganhar a láurea.
Yvonne Primerano Mascarenhas nasceu em Pederneiras, interior de São Paulo, em 1931. Após mudar-se para o Rio de Janeiro com a família, formou-se Bacharel em Química em 1954 pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil. Em 1956 mudou-se para São Carlos–SP e, junto com seu esposo, Sergio Mascarenhas, abraçou o desafio de tornar a cidade um centro de referência internacional em pesquisa de Materiais. Como a primeira mulher a ocupar uma cadeira na Escola de Engenharia da Universidade de São Paulo em São Carlos, viria a desempenhar um papel fundamental na atração de outros pesquisadores brasileiros e estrangeiros de altíssimo nível para a cidade, tendo também atuado como pivô na fundação do então Instituto de Física e Química de São Carlos (IFQSC). Em 1959, recebeu uma bolsa de estudos Fullbright e passou dois anos trabalhando no laboratório de G. A. Jeffrey e B. Craven, na Universidade de Pittsburgh, EUA.
Era o início de sua paixão pela Cristalografia e um importante passo para a introdução e consolidação dessa área de pesquisa no Brasil. Ela foi fundadora e primeira presidente da Associação Brasileira de Cristalografia (ABCr), onde também atuou em outras funções, e trabalhou em instituições de prestígio como Harvard, Princeton e Birkbeck College, e participou do grupo responsável pelo desenvolvimento do banco de dados cristalográficos de Cambridge (CCDC).
Yvonne Mascarenhas supervisionou cerca de 40 estudantes de mestrado e doutorado, publicou aproximadamente 200 artigos indexados e produziu numerosas contribuições em conferências e simpósios. Seu grupo de pesquisa se tornou um dos centros mais importantes em Cristalografia Química e Biologia Estrutural da América do Sul. Entre seus feitos, destaca-se a colaboração que resultou na determinação da estrutura cristalina da oxitocina (Science, 1986) e de toxinas de veneno de cobras (Eur. Biophys. J., 1992). Mãe de quatro filhos, Yvonne foi apontada pela SBF como “não somente um ícone da ciência brasileira, mas um motivo de grande orgulho e exemplo para suas colegas, mulheres, cientistas.”
O prêmio será entregue em sessão solene durante o Encontro de Outono da Sociedade Brasileira de Física, entre 21 e 25 de junho. http://sbfisica.org.br/~eosbf/2021/index.php/pt/

A física Yvonne Mascarenhas é a primeira mulher a receber o prêmio


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