Radiação presente no espaço interfere nas células responsáveis pela imunidade do organismo
Por Guilherme Eler
Os riscos de uma viagem espacial tripulada são especialmente grandes para os astronautas. Fatores como isolamento, gravidade e pressão influem na viagem e precisam ser dominados se quisermos colocar os pés em Marte. É a fim de aumentar nossas chances de sucesso no planeta vermelho que pesquisadores do Instituto Wake Forest de Medicina Regenerativa trabalham em parceria com a Nasa. Experimentos recentes conduzidos pelo grupo foram publicados no jornal Leukemia, e apontam para um grande obstáculo: a exposição à intensa radiação do planeta, que pode aumentar o risco de leucemia.
O estudo visava simular os efeitos diretos da radiação solar e dos raios cósmicos no tecido conjuntivo, mais precisamente nas células hematopoiéticas, responsáveis pela formação de leucócitos, plaquetas e outros elementos do sangue. Elas regulam funções vitais do sangue, como o transporte de oxigênio e o combate a infecções e outros invasores.
Células hematopoiéticas de doadores saudáveis entre 30 e 55 anos foram bombardeadas por íons e prótons de ferro – o mesmo tipo de radiação que os astronautas encontrarão no espaço. O teste indicou o efeito devastador das mutações causadas pela radiação no sistema imunológico humano. De acordo com Christopher Porada, um dos responsáveis pelo estudo, a capacidade de produção das células do sangue foi reduzida a valores entre 60 e 80%, o que pode provocar um quadro de anemia profunda.
Em um segundo momento, as células irradiadas foram incubadas em ratos de laboratório. As cobaias desenvolveram o que foi diagnosticado pelos cientistas como leucemia linfoide aguda A doença caracteriza-se pela produção de linfócitos imaturos, incapazes, portanto, de apresentar eficácia na função imune. O teste representou a primeira demonstração de como a exposição a radiação espacial pode aumentar o risco de leucemia em humanos.
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