Quatro em cada dez crianças que foram expostas ao vírus da zika durante sua gestação e nasceram sem alterações perceptíveis registraram problemas neurológicos após seus primeiros meses de vida.
O dado é de uma pesquisa realizada pelo Instituto Fernandes Figueiras da Fiocruz, que será publicada nas próximas semanas na revista New England Journal of Medicine.
O estudo acompanhou cerca de cem crianças que foram expostas ao vírus durante sua gestação mas não tinham apresentado microcefalia ou qualquer alteração neurológica em diversos exames de imagem no seu nascimento, explicou a pesquisadora Maria Elisabeth Moreira, durante simpósio internacional sobre o vírus.
Dessas crianças, 42% desenvolveram algum tipo de alteração neurológica entre os três e os seis meses de vida.
Hipertonia, hipersensibilidade e choro inconsolável são as características mais comuns desenvolvidas nesses bebês. "É importante agora que a gente qualifique melhor isso com testes psicométricos, que serão capazes de indicar o que podemos fazer com essas crianças. Se essa criança tem alteração motora, se essa criança está com atraso na linguagem..."
Em março, o grupo já tinha alertado que o vírus da zika causava danos ao feto em qualquer período da gestação, e não apenas nos primeiros três meses da gravidez. Naquele estudo, os pesquisadores apontaram que, na amostra estudada, de cada dez mulheres infectadas por zika, três tiveram bebês com defeitos congênitos.
A nova etapa da pesquisa mostra uma outra faceta das consequências do vírus da zika. As consequências tardias do vírus e a necessidade de acompanhar as crianças de todas as mães que foram infectadas por zika.
"Essa informação de que 42% das crianças consideradas nascidas normais pode ter alguma alteração neurológica é uma informação para realmente nos apavorar", comentou Enrique Vásquez, representante da OMS (Organização Mundial de Saúde) no Brasil.
Durante a reunião de pesquisadores do vírus da zika no Rio de Janeiro, médicos e cientistas mostraram preocupação com crianças que possam ter lesões ou alterações neurológicas e não estão sendo acompanhadas devidamente.
Entre os casos apresentados, está o de uma criança nascida com o crânio e mesmo o cérebro do tamanho esperado para sua idade, mas com importantes calcificações no tecido cerebral.
Perguntada se haveria risco de lesões neurológicas para crianças de até um ano que sejam infectadas pelo vírus da zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, Maria Elizabeth disse que essa é uma das questões que continuam sem resposta.
"Essa é uma informação que a literatura ainda não nos mostra. A chance de você fazer lesão em um órgão como o cérebro é maior durante o período intrauterino, mas não posso te dizer que não existe." Esse é um dos temas que deve ser estudado pela Fiocruz em parceria com o norte-americano NIH (Instituto Nacional de Saúde, em inglês).
O dado é de uma pesquisa realizada pelo Instituto Fernandes Figueiras da Fiocruz, que será publicada nas próximas semanas na revista New England Journal of Medicine.
O estudo acompanhou cerca de cem crianças que foram expostas ao vírus durante sua gestação mas não tinham apresentado microcefalia ou qualquer alteração neurológica em diversos exames de imagem no seu nascimento, explicou a pesquisadora Maria Elisabeth Moreira, durante simpósio internacional sobre o vírus.
Dessas crianças, 42% desenvolveram algum tipo de alteração neurológica entre os três e os seis meses de vida.
Hipertonia, hipersensibilidade e choro inconsolável são as características mais comuns desenvolvidas nesses bebês. "É importante agora que a gente qualifique melhor isso com testes psicométricos, que serão capazes de indicar o que podemos fazer com essas crianças. Se essa criança tem alteração motora, se essa criança está com atraso na linguagem..."
Em março, o grupo já tinha alertado que o vírus da zika causava danos ao feto em qualquer período da gestação, e não apenas nos primeiros três meses da gravidez. Naquele estudo, os pesquisadores apontaram que, na amostra estudada, de cada dez mulheres infectadas por zika, três tiveram bebês com defeitos congênitos.
A nova etapa da pesquisa mostra uma outra faceta das consequências do vírus da zika. As consequências tardias do vírus e a necessidade de acompanhar as crianças de todas as mães que foram infectadas por zika.
"Essa informação de que 42% das crianças consideradas nascidas normais pode ter alguma alteração neurológica é uma informação para realmente nos apavorar", comentou Enrique Vásquez, representante da OMS (Organização Mundial de Saúde) no Brasil.
Durante a reunião de pesquisadores do vírus da zika no Rio de Janeiro, médicos e cientistas mostraram preocupação com crianças que possam ter lesões ou alterações neurológicas e não estão sendo acompanhadas devidamente.
Entre os casos apresentados, está o de uma criança nascida com o crânio e mesmo o cérebro do tamanho esperado para sua idade, mas com importantes calcificações no tecido cerebral.
Perguntada se haveria risco de lesões neurológicas para crianças de até um ano que sejam infectadas pelo vírus da zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, Maria Elizabeth disse que essa é uma das questões que continuam sem resposta.
"Essa é uma informação que a literatura ainda não nos mostra. A chance de você fazer lesão em um órgão como o cérebro é maior durante o período intrauterino, mas não posso te dizer que não existe." Esse é um dos temas que deve ser estudado pela Fiocruz em parceria com o norte-americano NIH (Instituto Nacional de Saúde, em inglês).
A pediatra do IFF alerta para a necessidade de trabalhar desde cedo com o estímulo dessas crianças para minimizar os problemas e melhorar a qualidade de vida delas.
"Temos uma janela de oportunidade para fazer alguma coisa por essas crianças no primeiro ano de vida, que é quando o cérebro está crescendo", afirma Moreira. "Neste momento, uma área afetada pode ser substituída pelo crescimento de uma área normal por conta na neuroplasticidade."
Para ela, todas as crianças nascidas de gestantes que foram expostas ao vírus da zika ou tiveram sintomas de zika deveriam ser acompanhadas no primeiro ano de vida e receber estímulos para garantir seu desenvolvimento neurológico.
"Essas crianças que nasceram durante a epidemia de zika não são uma geração perdida. Nós temos algo para fazer por elas. Todas elas merecem ser acompanhadas e estimuladas para alcançar em sua plenitude as suas habilidades."
Elizabeth indica que o Ministério da Saúde mude seu protocolo para que inclua a necessidade de estímulo de todas essas crianças.
Só neste ano, o Ministério da Saúde registrou 16,5 mil casos prováveis de gestantes infectadas pelo vírus da zika. Desses, 9,5 mil foram confirmados laboratorialmente.
"Temos uma janela de oportunidade para fazer alguma coisa por essas crianças no primeiro ano de vida, que é quando o cérebro está crescendo", afirma Moreira. "Neste momento, uma área afetada pode ser substituída pelo crescimento de uma área normal por conta na neuroplasticidade."
Para ela, todas as crianças nascidas de gestantes que foram expostas ao vírus da zika ou tiveram sintomas de zika deveriam ser acompanhadas no primeiro ano de vida e receber estímulos para garantir seu desenvolvimento neurológico.
"Essas crianças que nasceram durante a epidemia de zika não são uma geração perdida. Nós temos algo para fazer por elas. Todas elas merecem ser acompanhadas e estimuladas para alcançar em sua plenitude as suas habilidades."
Elizabeth indica que o Ministério da Saúde mude seu protocolo para que inclua a necessidade de estímulo de todas essas crianças.
Só neste ano, o Ministério da Saúde registrou 16,5 mil casos prováveis de gestantes infectadas pelo vírus da zika. Desses, 9,5 mil foram confirmados laboratorialmente.
Fonte: UOL Notícias: http://noticias.uol.com.br/saude/
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