quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Cientistas descobrem o segredo do animal mais resistente do mundo

Pesquisadores descobriram o segredo genético do animal mais resistente do mundo, uma estranha e microscópica criatura que se assemelha a um urso aquático e é chamada de tardígrado. Um gene específico os ajuda a sobreviver a situações de ebulição, congelamento e radiação. No futuro, acreditam cientistas, ele poderia ser usado para proteger as células humanas. 

Já se sabia que tardígrados eram capazes de sobreviver a condições extremas, "murchando" a ponto de se tornarem bolinhas desidratadas. 

Agora, o time que comandou a pesquisa, na Universidade de Tóquio, identificou uma proteína que protege o seu DNA - "embrulhando-o" como se fosse uma espécie de cobertor.

Os cientistas, que publicaram suas descobertas na revista científica "Nature Communications", depois desenvolveram em laboratório células humanas que produziram a mesma proteína, e descobriram que ela também protegia as células, em especial de radiação.

A partir dessa descoberta, cientistas sugerem que os genes desses seres capazes de resistir a condições extremas poderiam, um dia, proteger seres vivos de raios-X ou de raios nocivos do sol.

"Estes resultados indicam a relevância das proteínas únicas do tardígrado que podem ser uma fonte abundante de novos genes e de mecanismos de proteção", diz o estudo.

Antes do estudo, acreditava-se que os tardígrados, também conhecidos como "ursos-d'água", sobreviviam a radiação por conseguirem recuperar danos causados ​​ao seu DNA.

Mas o professor Takekazu Kunieda, da Universidade de Tóquio, e seus colegas passaram oito anos estudando o genoma da microcriatura até identificar a fonte de sua notável capacidade de resistência.

Eles descobriram uma e a batizaram de "DSUP" (abreviação em inglês de "supressora de danos").

Em seguida, a equipe inseriu a DSUP no DNA de células humanas e expôs essas células modificadas a raios-X. Elas sofreram menos danos que as células não tratadas.

O professor Mark Blaxter, da Universidade de Edimburgo, classificou o estudo como "inovador". "Esta é a primeira vez que uma proteína individual, identificada a partir do tardígrado, se mostra ativa na protecção contra radiações", observa. "Radiação é uma das coisas que certamente pode nos matar".



Cientistas estudaram o genoma da espécie Ramazzottius varieornatus para identificar a "arma secreta" que explica como os tardígrados são capazes de sobreviver a todo tipo de condições extremas (Foto: S Tanaka/H Sagara/T Kunieda)

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