O HPV (vírus do papiloma humano) tem sido apresentado para a população geral como causador do câncer de colo de útero, a doença mais prevalente após a contaminação e a que mais mata. Esse vírus é responsável por diversos tipos de câncer e verrugas genitais que afetam não só as mulheres como também os homens. No entanto, a conscientização e a vacinação são voltadas no geral apenas para o público feminino.
No Brasil, a vacina é disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas de 9 a 13 anos. Com base nesses dados, o Setor de Doenças Sexualmente Transmissíveis e o Laboratório de Virologia do Departamento de Microbiologia e Parasitologia da Universidade Federal Fluminense vão iniciar nessa semana um projeto de pesquisa inédito no Brasil: a vacinação em meninos contra o HPV.
Professor Mauro Romero Leal Passos e vacinas contra o HPV Foto: Letícia Felippe |
A pesquisa será feita em pacientes do sexo masculino que residam na comunidade Morro do Estado, em Niterói, com idades entre 11 e 17 anos. Esses garotos serão acompanhados ao longo de dois anos através da coleta de amostras clínicas da genitália e da boca por meio de raspagem e da vacinação feita em duas doses. O estudo foi recém-aprovado pelo Comitê de Ética e fará parceria com a Associação de Moradores do local.
A vacina quadrivalente, que é a disponibilizada para a população e será aplicada nos voluntários, imuniza contra os tipos de HPV 6, 11, 16 e 18, sendo os dois primeiros causadores de verrugas genitais e papilomas respiratórios e os dois últimos responsáveis por lesões com potencial maligno (câncer). Algumas doenças mais graves também são causadas pelos tipos 6 e 11 como o câncer de pênis, por exemplo. O Brasil é um dos países com mais casos no mundo, cerca de mil pênis são amputados por ano só no SUS por conta da doença.
“A importância do estudo é fortalecer o trabalho de educação, saúde e prevenção além de sensibilizar a população e o Ministério da Saúde para que estendam a campanha de vacinação contra o HPV também para os meninos”, disse o professor Mauro Romero Leal Passos, especialista em doenças sexualmente transmissíveis da UFF.
Os jovens serão vacinados no primeiro dia e a segunda dose será aplicada após seis meses. Isso ocorrerá independente deles terem o vírus ou não, sendo monitorados através das quatro raspagens coletadas ao longo do projeto. No caso do diagnóstico laboratorial, serão usadas técnicas de biologia molecular que identificam o vírus. “Nosso objetivo é ver se a vacina está realmente evitando a infecção desses meninos. Mas serão necessários anos de pesquisa para identificarmos o impacto na redução da doença maligna, que demora muito a se manifestar”, contou a professora Silvia Maria Cavalcanti, professora do Departamento de Microbiologia e Parasitologia da UFF.
A imunização nos homens também é importante para as mulheres, já que o vírus é sexualmente transmissível. A proposta da pesquisa é vacinar e acompanhar cerca de 700 meninos dessa comunidade, um número sólido para o monitoramento. Com isso, há a possibilidade da “imunização rebanho”, que protegerá também parceiros sexuais desses garotos.
Evento de conscientização
No dia 13 de julho, no Windor Florida Hotel, localizado no bairro do Flamengo (Rio de Janeiro-RJ) haverá o evento “HPV in Rio”. É um projeto do Setor de DST da universidade em parceria com a Associação de DST do Rio de Janeiro que já ocorre há alguns anos. O objetivo é dar visibilidade ao tema para o público médico e a população em geral sobre as prevenções, diagnósticos e doenças causadas pelo vírus HPV. O foco nesse ano serão as patologias causadas além do câncer do colo de útero, dando importância à prevenção na população masculina.
Por Mariana Yagi
Por Mariana Yagi
Fonte: UFF.
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