segunda-feira, 29 de abril de 2013

Programa de Acolhimento Estudantil acontece no dia 15 de abril e é um sucesso

O Programa de Acolhimento Estudantil de 2013 aconteceu no dia 15 de abril no campus do Gragoatá. O evento contou com a presença dos calouros de vários cursos, com estudantes do ensino médio, com alunos e servidores de diversos cursos e setores da universidade.

Várias atividades culturais e educativas ocorreram durante o evento. A equipe da Superintendência de Documentação (SDC) esteve presente no acolhimento com treinamentos do portal de periódicos CAPES, oficina de origami, entre outras atividades. A SDC teve ainda em seu stand uma representação bem humorada da Bibliotecária Mal Humorada, interpretada por uma de nossas bibliotecárias da Biblioteca de Nutrição e Odontologia, Andréia Matos.


A biblioteca do Instituto Biomédico também marcou presença com o bibliotecário Daniel Ribeiro dos santos, que compareceu especialmente para participar do evento no stand da Superintendência de Documentação.


O Instituto Biomédico também esteve presente no acolhimento estudantil, com os alunos do curso de Biomedicina, que aferiram a pressão arterial e o nível de glicemia dos calouros, visitantes e participantes do evento.


quinta-feira, 11 de abril de 2013

Toxina letal para peixes é valiosa para a biomedicina

AIP56 pode ajudar a tratar doenças inflamatórias, auto-imunes e cancro

Células a morrer, por apoptose,
em consequência da toxina AIP56
(Imagem: IBMC)
Uma toxina libertada pela bactéria Photobacterium damselae piscicida, que infecta peixes, tem características promissoras para a biomedicina e a biotecnologia. A AIP56, hoje descrita num artigo publicado na «PLoS Pathogens» por uma equipa do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC), já foi sujeita a pedido de patente e, segundo os autores, a forma como a bactéria ludibria o sistema de defesa dos peixes, poderá ser extrapolada para os humanos, abrindo portas ao desenho de novas terapêuticas e para novos testes laboratoriais.

A toxina AIP56 causa eventos dramáticos nos peixes infectados, actuando em células do seu sistema imunológico (macrófagos e neutrófilos) que desempenham uma função essencial na defesa contra organismos invasores. Em consequência, as células são conduzidas a um tipo de morte programada, denominada apoptose. Esta situação culmina na necrose acelerada de alguns órgãos internos, levando à morte dos animais. E será o aproveitamento desta estratégia que os autores propõem para aplicação biomédica.

Ao longo dos anos, os investigadores têm-se debruçado sobre esta bactéria numa perspectiva de minimizar o impacto que o agente infeccioso tem na produção intensiva de peixe. No entanto, o trabalho agora divulgado segue uma nova abordagem ao tentar tirar proveito do que se conhece sobre a forma de acção da bactéria, e em particular da sua toxina. Esta abordagem vê a AIP56 como potencial ferramenta aplicável quer directamente à biomedicina quer à investigação.

A engenharia natural da toxina AIP56 coloca-a no grupo das designadas toxinas A-B. Isto porque tem dois elementos principais: o A, que actua no interior das células desactivando o NF-kB, um factor de transcrição que desempenha um papel central na resposta inflamatória e que inibe a morte celular; e a parte B que funciona como mecanismo de transporte, permitindo que a parte A chegue ao interior das células onde vai actuar sobre o NF-kB.

Bactéria ludibria organismos infectados

Assim, a bactéria Photobacterium damselae ludibria os organismos infectados, através da toxina AIP56, pelas duas vias: por um lado garante entrada da toxina nas células, por outro impede a activação do NF-kb, evitando o processo inflamatório, conduzindo à morte das células que deveriam destruir a bactéria e defender da infecção.

Baço de um robalo infectado, resultante
da acção da toxina AIP56 (Imagem: IBMC)
Para Nuno dos Santos, líder do estudo, “a questão está em saber tirar partido da função da toxina e conseguir manipular a sua actuação para nosso benefício”. A história da ciência está repleta de descobertas científicas com contributos importantes para a sociedade que resultaram de “observações inesperadas, muitas vezes de áreas científicas que não estão directamente relacionadas com a aplicação da descoberta propriamente dita”, adianta o investigador.

De facto, a equipa tem-se centrado prioritariamente nos processos de infecção em peixes, de forma a encontrar meios de evitar a propagação de doenças em aquaculturas intensivas e, por isso, muita da investigação que têm efectuado ao longo dos anos resulta de parcerias com empresas para o desenvolvimento de vacinas passíveis de aplicação na aquacultura. Porém, a AIP56, uma das toxinas que têm vindo a estudar nos últimos anos, revela agora um enorme potencial para utilização em saúde humana. 

Praga para peixes e benefício para humanos

Quando questionado sobre as possíveis aplicações, Nuno dos Santos esclarece que “a activação desregulada do NF-kB está associada a inúmeras situações graves como doenças inflamatórias, doenças auto-imunes e vários tipos de cancro (entre outras)”. Por esse motivo, o NF-kB é um “alvo excelente para tratamento dessas patologias”.

Nesta perspectiva a AIP56 tem e um enorme potencial para utilização em medicina, tendo os investigadores feito um pedido de patente para este tipo de utilização da toxina. Contudo, para Nuno dos Santos, “a AIP56, tem mais potencialidades a explorar, já que a parte B poderá vir a ser utilizada para transportar medicamentos para o interior das células, como se fosse um endereço postal”, ideia também já sujeita a pedido de patente.

O investigador remata dizendo que “talvez em breve vejamos como uma praga para os peixes poderá ser um benefício para os humanos”.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Dia do Autismo: projeto de lei prevê diagnóstico precoce em creches

"Um projeto de lei já aprovado pela Câmara de Vereadores do Rio, mas que ainda aguarda sanção do prefeito Eduardo Paes, institui ações de vigilância precoce do autismo nas crianças atendidas em creches e unidades da rede básica de saúde do município, especialmente na faixa etária de seis meses a dois anos.

A medida, se posta em prática, vai ser festejada nas duas caminhadas programadas para o próximo domingo (7), no calçadão do Leblon e em Sulacap, em alusão ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo, comemorado nesta terça-feira (2). Também em homenagem à data, ainda hoje a Prefeitura do Rio vai iluminar de azul as fachadas do Cristo Redentor, da Catedral Metropolitana e da Câmara Municipal.

Segundo especialistas, a detecção do transtorno — que causa prejuízo na interação social e na aquisição da linguagem — nos anos iniciais traz ganhos consideráveis para o desenvolvimento para a criança, desde que a descoberta seja seguida de acompanhamento adequado, com tratamento terapêutico associado à escolaridade. Em reportagem publicada ontem no GLOBO, familiares de crianças autistas reclamaram da dificuldade em conseguir vaga em escolas regulares da rede pública e privada. Mãe de Matheus, de 13 anos, Célia da Silva, observou também que a matrícula, em geral, não determina uma inclusão de fato, por falta de infraestrutura e atendimento apropriado nas instituições de ensino.

A discussão sobre o projeto de lei 1090/2011, de autoria do vereador Paulo Messina (PV), resultou na criação de uma experiência-piloto. Iniciada em agosto do ano passado, a parceria entre a Secretaria Municipal de Educação e a PUC-Rio - por meio da professora Carolina Lampreia, doutora em Psicologia Clínica – possibilitou a aplicação de um questionário em crianças atendidas nas creches municipais. O instrumento aponta riscos de desenvolvimento atípico, característica comum no autismo. Uma vez diagnosticadas, as crianças deverão ser cadastradas num censo único da Prefeitura. Não há dados nacionais sobre a incidência do transtorno no país. Sabe-se que a prevalência média internacional é de 1% da população.

Elaborado na Holanda, o questionário é constituído por 14 perguntas, que podem ser respondidas simplesmente com “sim” ou “não”. Os dados coletados foram encaminhados para a pesquisadora da PUC-Rio em novembro e estão em fase de tabulação. Números preliminares, relativos a creches da primeira até a sexta Coordenadoria Regional de Educação (Crer), revelam que dos 1.579 questionários aplicados pelos professores em 114 creches foram detectados riscos de desenvolvimento atípico em 152 crianças. Considerando apenas as crianças de 12 a 24 meses, foram rastreados 45 casos suspeitos. Os 107 restantes foram de crianças acima desta faixa etária.

— O teste foi usado para capacitar professores, para que possam identificar sinais de risco de autismo. Durante o curso de capacitação, professores disseram que tinham crianças maiores de 24 meses que poderiam ser autistas, pelas características apresentadas. E pediram para aplicar o questionário nelas também — detalha Carolina, observando que as 107 crianças suspeitas apresentaram riscos de desenvolvimento atípico.

Segundo ela, 300 professoras articuladoras das creches municipais participaram de uma capacitação para aplicação do questionário. Elas fizeram um curso de oito horas, no qual receberam orientações sobre o conceito de autismo, a identificação precoce e sobre o próprio questionário. Depois, retornaram para as suas unidades e repassaram os ensinamentos para as demais professoras, usando como apoio um manual e um DVD.

— Há poucas pessoas capacitadas para a identificação precoce. Ouve-se muito falar de pais que percebem algo estranho no filho, levam para o pediatra e eles dizem que não é nada. Com isso, um tempo precioso de intervenção passa... Não é nem culpa deles, é do currículo, que simplesmente não apresenta o autismo.

Acompanhamento integrado

Professora de Educação Especial da UFF, a doutora em psicologia Dayse Serra concorda que a dificuldade de diagnóstico está associada à formação generalista dos pediatras. Ela alerta ainda para a importância do rastreamento de irmãos, quando um caso na família é diagnosticado, por causa do componente genético do transtorno, e enfatiza a necessidade de um acompanhamento integrado, após a detecção do autismo.

— Quando a gente fala de política pública, não estamos falando só de educação, mas de integração. Não adianta o pediatra detectar com nove meses, um ano, e não ter creche para absorver essa criança e interagir com a área de saúde.

Autor do projeto de lei, Messina avalia que o trabalho de diagnóstico precoce vai orientar a educação inclusiva no município:

— Essa ação é essencial para que os pais sejam informados, e a prefeitura consiga entrar com trabalhos de educação e orientação já nas creches e nos postos de saúde, seja pela mão do pediatra, seja pela mão do educador. Temos uma boa chance de pegar todas crianças, pois vamos cercar os dois lados. Em um segundo momento, essas duas parte têm que conversar, trabalhar entre si. As experiências de sucesso ainda são muito tímidas, e há dezenas de milhares de crianças com autismo. Então, são protótipos, que já deveriam ter virado projeto de fato.

Subsecretária de Educação, Helena Pomeny avalia que o rastreamento nos anos iniciais é fundamental, pois amplia as chances de um melhor desenvolvimento da criança. Sobre as dificuldades relatadas por pais de autistas em relação à inclusão na rede regular, destaca:

— A gente tem alunos incluídos. E pretendemos que todos sejam incluídos, mas com qualidade. Essa ação de detecção precoce tem que ser um alerta para a gente ter noção do que está acorrendo dentro da rede. Qualquer tratamento tende a ter um sucesso maior a partir daí".

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...