sexta-feira, 30 de março de 2012

Parceria do Huap com Prefeitura de Niterói dá início a cirurgias de câncer de mama

A presidente da Fundação Municipal de Saúde, Gisela Motta, firmou com o diretor-geral do Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap) da UFF, Tarcísio Rivello, a data de início do mutirão cirúrgico para as operações de câncer de mama das pacientes que estão em fila de espera.

Segundo o professor Rivello, no dia 2 de abril começam as cirurgias, e as pacientes serão comunicadas sistematicamente sobre o início do processo de chamada para os procedimentos operatórios no hospital.

No acordo firmado entre o Huap e a Prefeitura de Niterói, serão contratados cinco anestesistas, com carga horária de 12 horas cada, para atender à demanda reprimida, arcando cada instituição com metade das despesas.

Programa Ciência sem Fronteiras: UFF abre processo de seleção

A Diretoria de Relações Internacionais (DRI), a Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação (Proppi) e a Pró-Reitoria de Graduação (Prograd), no âmbito do Programa Institucional de Internacionalização, publicaram o edital de candidatura de alunos da UFF ao Programa Ciência sem Fronteiras, para estudo em instituições no Canadá, Bélgica, Austrália, Portugal, Coreia do Sul, Espanha e Holanda.


Conforme as normas do Programa Ciência sem Fronteiras, o processo seletivo terá duas etapas, uma pela UFF e outra pela Capes e o CNPq.

Inicialmente, os interessados devem fazer a inscrição no site do Programa Ciência sem Fronteiras,www.cienciasemfronteiras.gov.br, até 30 de abril de 2012, anexando toda a documentação exigida pela chamada.

Na UFF, a pré-seleção será feita pela DRI, Prograd e Proppi. Os interessados deverão se dirigir à Diretoria de Relações Internacionais, de 9 de abril até as 12 horas do dia 2 de maio de 2012, Reitoria, Rua Miguel de Frias, 9, 7º andar, Icaraí, Niterói, Rio de Janeiro.

Dia 13/4, lançamento da revista "Vigilância Sanitária em Debate"

A cerimônia de lançamento da revista Vigilância Sanitária em Debate – Sociedade, Ciência & Tecnologia (Visa em Debate) será no dia 13 de abril, às 10h30, no auditório Sérgio Arouca, do INCQS.

O objetivo da revista é divulgar artigos acadêmicos e científicos inéditos que articulem temas multi e interdisciplinares relativos à sociedade, à ciência e à tecnologia.

A idéia é a circulação de idéias e informações que se originem de questões sanitárias e de suas evidências científicas. Com isso, pretende-se aprofundar e ampliar o conhecimento na área da Vigilância Sanitária em sua interseção com a sociedade e as demais ciências.

Fonte: Fiocruz

quinta-feira, 22 de março de 2012

Princípios bioativos do arroz integral podem evitar doenças diversas

Depois de passar oito anos estudando as propriedades nutricionais de todas as variações do arroz (polido, integral, parboilizado, preto e vermelho), pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP chegaram a conclusões que podem parecer surpreendentes aos olhos dos consumidores. Foi constatado que o arroz do tipo integral tem propriedades que vão muito além da tão valorizada presença de fibras: ele é rico em vitaminas, sais minerais e, acima de tudo, possui princípios bioativos que podem diminuir as chances de desenvolvimento de doenças cardíacas, câncer, diabetes e obesidade. 

Mas por que, afinal, só o arroz integral possui essas propriedades? A professora Ursula Lanfer Marquez, coordenadora da linha de pesquisa Características nutricionais e propriedades funcionais do arroz, explica que a diferença está justamente no tipo de beneficiamento do grão. Enquanto o arroz integral, quando descascado, mantém o chamado “farelo” (camadas externas ao endosperma, onde estão os nutrientes e compostos bioativos), o arroz polido (ou branco) perde todas essas camadas, restando o endosperma, rico apenas em amido e proteínas.

O arroz parboilizado, por sua vez, pode ser integral ou polido. Porém, neste caso o grão passa por um pré-cozimento antes de ser descascado - portanto, mesmo quando é integral, perde algumas de suas propriedades no processo. "O pré-cozimento é feito pois evita que o arroz se quebre quando descascado, aumenta a vida de prateleira e, quando cozido, fica sempre soltinho. Como o arroz quebrado não tem valor comercial, o gasto com a parboilização é compensado pelos prováveis prejuízos com quebras", explica a professora Ursula.

Bioatividade - Assim, o arroz integral é o único que conserva os chamados compostos bioativos, que são aqueles que têm atividades sobre organismos vivos. No caso do arroz, já foram confirmados pelo menos dois tipos de atividades: antioxidante e hipocolesterolêmica (reduz a taxa de colesterol no sangue).

Um dos compostos responsáveis por essas atividades é o orizanol, substância própria do arroz, que possui as duas propriedades. Além dele, a vitamina E e os compostos fenólicos apresentam atividade antioxidante, capazes de evitar o estresse oxidativo no organismo, relacionado a problemas cardiovasculares, câncer e inflamações, isto é, a doenças crônico-degenerativas não transmissíveis, em geral. Segundo a professora Ursula, outros tipos de arroz, como o preto e o vermelho, apresentam uma atividade antioxidante ainda maior do que a do arroz integral.

Entre tantos grãos - É no mínino curioso que todos esses benefícios proporcionados pelo arroz, um alimento tão popular e acessível no país, sejam tão pouco conhecidos e estudados. Ainda mais numa época em que é crescente a preocupação com a alimentação, fato que a mídia e a própria publicidade tornam evidente.

Para a professora, isso ocorre porque o arroz não é uma novidade para a população. “Ninguém fala disso porque o arroz é consumido pelo homem há cinco milhões de anos. O consumidor não cria expectativas em relação ao produto”, explica Ursula. “Por outro lado, há bastante interesse quando se fala de grãos diferentes, como a quinoa ou o amaranto. Mas o fato é que o arroz pode apresentar muito mais benefícios à saúde do que esses outros grãos”, pondera.

Segundo Ursula, o grupo de pesquisadores do seu laboratório tem como objetivo divulgar cada vez mais esses benefícios, e desmistificar o vínculo existente entre os benefícios dos alimentos e o fato de eles serem ou não fontes de fibra. “Antes, tudo era ligado à fibra, mas nós já constatamos que os benefícios à saúde não dependem só dela. Os benefícios estão relacionados aos princípios bioativos”, diz. A equipe ainda pretende incentivar o consumo de cereais integrais não-trigo, determinar as quantidades de ingestão mínima de arroz integral para que haja efeito sobre o organismo e tentar estabelecer um reconhecimento formal de todas as propriedades benéficas do arroz.

Texto: Mariana Midori Isagawa
Fonte: USP Online
Publicado em: 05/11/2010
Extraído de: Saúde em Movimento

Estudo inédito desvenda atuação de proteína em células cancerígenas

Estudo inédito sobre a atuação da proteína ARHGAP21 em células de câncer de próstata e endoteliais normais, realizado pela bióloga Mariana Lazarini, apontou que se trata de uma possível molécula alvo para o tratamento de tumores, cujo crescimento anormal, incontrolado e progressivo de tecido se dá por rápida proliferação celular.

A pesquisa foi conduzida no Laboratório de Bioquímica, Biologia Molecular e Celular, pertencente ao Hemocentro da Unicamp, sob a orientação da professora Sara Saad, diretora da Divisão de Hematologia e supervisora do Laboratório. A pesquisa resultou ainda na tese de doutorado de Lazarini, defendida na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp.

A pesquisadora esclareceu que o gene ARHGAP21 foi sequenciado e descrito pela primeira vez em 2002, por outra aluna da professora Sara Saad, Daniela Basseres. Já era previsto de que se tratava de um gene importante porque sua sequência contém regiões de regulação sobre outras proteínas já muito bem estudadas e importantes no âmbito do genoma. A partir do projeto Genoma do Câncer, explicou Lazarini, foram descritas pequenas sequências de genes expressos em neoplasias, porém suas funções ainda não eram conhecidas. “Ou seja, não se sabia qual a importância da proteína ARHGAP21 na célula. O objetivo do nosso estudo foi, então, estudar a função dessa proteína em dois diferentes modelos celulares”, contou a bióloga. Duas alunas anteriores do grupo da professora Sara já haviam estudado as atuações da proteína em células do coração e do sistema nervoso, e estes trabalhos serviram de base para a pesquisa de Lazarini.

O trabalho constitui-se em um importante passo para a compreensão das funções de ARHGAP21 em células endoteliais normais e de carcinoma de próstata. A escolha do câncer de próstata, explicou a bióloga, recaiu sobre o fato de ser a segunda causa de morte por câncer entre homens no Brasil, fcando atrás apenas do câncer de pulmão. Ademais, a partir de dados obtidos previamente, já se tinha conhecimento de que a proteína ARHGAP21 tem importantes funções em outros tumores. Sendo assim, é possível que esse gene seja usado no futuro como alvo terapêutico, através da diminuição de sua expressão por terapia gênica ou agentes químicos.

Durante cinco anos, Lazarini analisou linhagens celulares – que são células provenientes de pacientes do mundo todo – adquiridas de um banco de células nos Estados Unidos. “Isso é interessante porque a mesma célula que eu utilizo, outros grupos do mundo também usam. Podemos comparar resultados”, avaliou. No entanto, a pesquisadora ressalta que é preciso, agora, partir para análises da proteína em pacientes e não apenas em linhagens celulares.

O próximo passo, segundo ela, é avaliar um grande número de portadores de câncer de próstata e também um grande número de pacientes normais. Assim, será possível ver como é a expressão basal dessa proteína para saber se ela está alterada nos pacientes com câncer. “Poucos estudos foram realizados com o intuito de descrever a função dessa nova proteína, descrita em 2002”, afrmou Lazarini.

Três aspectos importantes do câncer são a migração, adesão e proliferação celular, que se encontram alterados em relação às células normais. Para a célula cancerígena se espalhar e entrar em metástase, ela precisa migrar e controlar o processo de adesão, soltando-se e aderindo em novos locais. Além disso, é muito importante verifcar o processo de proliferação celular, uma vez que as células cancerígenas executam esse passo muito mais rapidamente que as células normais. O papel da ARHGAP21 em todas estas fases foi investigado pela bióloga em linhagens celulares, cujos resultados serão de grande impacto junto à comunidade acadêmica.

Na outra ponta, com relação ao paciente, Lazarini disse que objetivos como os dela, de investigar a função de uma proteína em uma doença, é sempre no final é encontrar novos tratamento que atuem especificamente sobre esta proteína.

Especificamente com relação ao câncer de próstata, a pesquisadora disse que regularmente o problema está no tratamento. “O tratamento desse tipo de câncer muitas vezes é feito com terapia anti-androgênica, porque quanto mais hormônio, mais o tumor cresce. Só que existem muitos efeitos colaterais e ao longo do tempo. Muitos pacientes deixam de responder ao tratamento”, observou.

Os estudos de migração celular foram conduzidos por Lazarini no King´s College London, em Londres (Inglaterra), sob supervisão da professora Anne Ridley, durante seu estágio sanduíche de 6 meses, como parte de seu doutorado. Atualmente, refletiu a bióloga, uma das buscas da ciência é descobrir quais genes são diferencialmente expressos ou ativos em determinados tipos de câncer para poder fazer um diagnóstico e tratamento adequados. “Muita gente está trabalhando nisso”, concluiu.

Texto: Jeverson Barbieri.
Fonte original: Jornal da Unicamp.
Publicado em: 05/11/2010.
Extraído de: Saúde em Movimento

MEC lança edital de extensão: Promoção da saúde, entre outros temas

O PROEXT 2013 – MEC/SESu é um instrumento que abrange programas e projetos de extensão universitária, com ênfase na inclusão social nas suas mais diversas dimensões, visando aprofundar ações políticas que venham fortalecer a institucionalização da extensão no âmbito das Instituições Federais, Estaduais e Municipais de Ensino Superior tendo como objetivos:

1.1.1 Apoiar as Instituições Públicas de Ensino Superior no desenvolvimento de programas e projetos de extensão, conforme o enquadramento da instituição, que contribuam para a implementação de políticas públicas.

1.1.2 Potencializar e ampliar os patamares de qualidade das ações propostas, projetando a natureza das mesmas e a missão das instituições de ensino superior públicas.

1.1.3 Estimular o desenvolvimento social e o espírito crítico dos estudantes, bem como a atuação profissional pautada na cidadania e na função social da educação superior.

1.1.4 Contribuir para a melhoria da qualidade de educação brasileira por meio do contato direto dos estudantes com realidades concretas e da troca de saberes acadêmicos e populares.

1.1.5 Dotar as Instituições Federais, Estaduais e Municipais de Ensino Superior de melhores condições de gestão de suas atividades acadêmicas de extensão para os fins prioritários enunciados nesse programa.

O programa contempla linhas temáticas que incluem promoção da Saúde, desenvolvimento urbano, redução das desigualdades sociais e combate à extrema pobreza, entre outros temas e linhas de pesquisa.

Confira o edital completo e as linhas temáticas no site do Ministério da Educação.

terça-feira, 20 de março de 2012

Biblioteca do Instituto Biomédico oferece curso de pesquisa acadêmica na internet

A Biblioteca do Instituto Biomédico desde 1999 vem desenvolvendo no âmbito do Instituto Biomédico projeto de treinamento de usuários com o objetivo de facilitar a utilização de recursos tecnológicos em pesquisas em bases de dados, diretórios e outras ferramentas para pesquisa acadêmica.

Em 19 de março de 2012 os bibliotecários da Biblioteca do Instituto Biomédico ministraram no laboratório do Instituto, de 9h às 12 h, palestra sobre o acesso à informação científico/acadêmica na Internet nas áreas de microbiologia e parasitologia para os alunos da disciplina de metodologia científica do Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu em Microbiologia e Parasitologia Aplicadas.

A palestra contemplou informações sobre pesquisa acadêmica na internet, diretórios online, o catálogo do sistema de bibliotecas da Superintendência de Documentação da Universidade Federal Fluminense, o Catálogo Coletivo Nacional (CCN), o Serviço de Comutação Bibliográfica do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (COMUT), a Biblioteca Regional de Medicina (Bireme), o Serviço Cooperativo de acesso a Documentos SCAD, o Portal de Periódicos da Capes, o The Free Medical Journals, o Free Books, o Pubmed, o MT Desk, a Rede de Bibliotecas da Fundação Oswaldo Cruz e o Prossiga.

quinta-feira, 15 de março de 2012

CAPES e CNPq criam nova bolsa: “Jovens Talentos para a Ciência”

Preliminarmente, como projeto piloto, a ser iniciado ainda em 2012, 6.000 bolsas de estudo serão oferecidas pela CAPES e pelo CNPq aos estudantes que ingressaram este ano nas Universidades Federais e Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia.

Nos próximos anos, esta modalidade de bolsa será estendida para os alunos ingressantes em Universidades Estaduais e também não públicas.

Estas bolsas terão por objetivo identificar precocemente nossos melhores Jovens Talentos entre os ingressantes universitários, para estimulá-los ao interesse e dedicação plena ao aprendizado acadêmico e a prática em Ciência e Tecnologia.

Os alunos serão selecionados internamente em cada universidade, mediante prova de conhecimentos, para receberem estas bolsas já à partir do segundo semestre de 2012. Adicionalmente, os resultados obtidos poderão também ser utilizados como critérios de prioridade nos Programas Institucionais de Bolsas de Iniciação Científica e no Programa Ciência sem Fronteiras.

Fonte: CNPq

Professora da UFF coordena pesquisa que identifica adolescentes com risco de desenvolver transtornos mentais

Pesquisa desenvolvida na Inglaterra e coordenada pelas pesquisadoras brasileiras Letícia de Oliveira, do Instituto Biomédico da Universidade Federal Fluminense (UFF), e Janaína Mourão-Miranda, da University College London, analisou as imagens cerebrais de 32 adolescentes saudáveis, sendo 16 filhos de pacientes com distúrbio bipolar e 16 filhos de pais que não apresentavam distúrbios. 

Utilizando a metodologia de reconhecimento de padrões das imagens cerebrais, que se assemelha à de reconhecimento de impressões digitais, diz Letícia de Oliveira, foi desenvolvido um algoritmo computacional capaz de ajudar a identificar adolescentes em risco.

As imagens foram colhidas há cerca de quatro anos, nos Estados Unidos, e enviadas à Inglaterra para o estudo. À época, eram todos adolescentes saudáveis, que tiveram suas imagens cerebrais coletadas enquanto visualizavam faces de conteúdo emocional - de medo, felicidade e sem emoção.

Mesmo considerando que todos eram saudáveis, o programa conseguiu identificar quais eram filhos de pais saudáveis e quais de pais com distúrbio bipolar, com uma taxa de acerto de três a cada quatro jovens, o que corresponde a 75% de acerto.

"Com isso", diz a pesquisadora Letícia de Oliveira, "podemos concluir que existe alguma alteração cerebral que foi captada ou percebida pelo algoritmo, pois, além de identificar se ele é filho de um grupo ou de outro, ainda diz qual o grau de confiança do sistema naquela classificação. E o que nós, coordenadoras da pesquisa, percebemos", diz ela, "é que, confrontando-se esses resultados com os dados posteriores do acompanhamento, que continua a ser feito, pode-se observar que os jovens que apresentaram, de um a três anos depois, sintomas de ansiedade e ou depressão, foram os que o programa indicou que haveria um maior grau de confiança de serem filhos de pessoas com transtorno ou distúrbio bipolar.

É como se fosse um marcador de vulnerabilidade, capaz de fornecer uma indicação de quão vulnerável é um adolescente para desenvolver a patologia.

O estudo, realizado com financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e pela agência financiadora inglesa de pesquisas biomédicas Wellcome Trust, é considerado muito importante, pois muitas patologias mentais têm início no fim da adolescência e a detecção precoce e o tratamento podem atrasar, amenizar ou mesmo evitar o desenvolvimento da doença. Além disto, esta metodologia já havia sido utilizada para discriminar pacientes com muito comprometimento cerebral, tais como com mal de Alzheimer, mas esta é a primeira vez que sua eficiência é observada em indivíduos saudáveis.

Letícia considera que essa metodologia poderia servir para verificar riscos de outras patologias e já começou a aplicar o mesmo procedimento nos dados de ressonância magnética obtidos em imagens cerebrais coletadas no Hospital Clementino Fraga Filho, da UFRJ. A pesquisa está sendo feita com 30 voluntários sem patologias, para investigar o impacto de imagens de violência no cérebro. O estudo também está sendo coordenado pela professora da UFF, em colaboração com o grupo de Londres.

Fonte: UFF Notícias

Polo da UFF em Volta Redonda tem laboratório voltado para pesquisa sobre uso de drogas, anorexia e depressão

O Laboratório de Investigação das Psicopatologias Contemporâneas (Lapsicon), coordenado pela professora Cláudia Henschel de Lima, investiga as causas psíquicas que resultam no desencadeamento de algumas manifestações psicopatológicas contemporâneas, como adicções, anorexia, bulimia, depressão ou síndrome do pânico. 

O Lapsicon se interessa especialmente pela adicção em função da gravidade do índice de consumo de substâncias psicoativas ilícitas e lícitas no país (trabalhando exclusivamente com os dados nacionais fornecidos pelo governo federal), e em função da precariedade e do risco que esse recurso individual de "tratamento da angústia" representa para o sujeito ao longo da vida: overdoses, anorexia por uso abusivo, declínio da atividade cognitiva, vulnerabilidade social, vulnerabilidade a DSTs. 

"Nesse sentido", diz Cláudia Henschel, "trabalhamos com a hipótese de que essas psicopatologias são multifatoriais, ou seja, não decorrem exclusivamente de um déficit no funcionamento neural (hipótese da psiquiatria), nem podem ser esgotadas por referência a problemas de adaptação às situações ambientais (hipótese da psicologia cognitivocomportamental).

"Assim, os estudos objetivam verificar algumas hipóteses como, por exemplo, se o declínio da função paterna na sociedade e dos ideais com os quais a subjetividade é formada resulta num apelo ao consumo de objetos e de soluções rápidas para os diversos impasses que a vida apresenta, como os medicamentos e terapias que garantem a rápida remissão dos sintomas, que reforçam a ideia de que acontecimentos passados podem ser rapidamente superados. 

O tratamento das manifestações psicopatológicas contemporâneas deve contemplar, segundo a pesquisadora, essa falha na identificação com o ideal que, muitas vezes, resulta num forte sentimento de angústia que desestabiliza os laços sociais.

Assim, o pânico é o nome que se dá à manifestação dessa angústia, enquanto que a anorexia, expressa no corpo, por meio do emagrecimento abrupto e severo, a ocorrência da angústia e a ausência de qualquer defesa do sujeito para tal. Também a dependência química resulta de um recurso, pelo sujeito, às substâncias psicoativas para o tratamento da angústia. 

O Lapsicon está, com os alunos de pós-graduação e de graduação de Psicologia de Volta Redonda, fazendo também um levantamento dos casos clínicos a fim de verificar tais hipóteses.

Um projeto sobre reforma psiquiátrica no município de Volta Redonda, focando o interesse na recuperação, está em andamento desde o ano de 2011, com o arquivamento das fotos e documentos do funcionamento da instituição ainda pelo modelo manicomial. 

Esse trabalho se conjuga aos esforços da Reforma Psiquiátrica Brasileira, que representa uma ruptura como o modelo manicomial no país, ainda fortemente orientado para a medicalização das psicopatologias. 

Outras informações no Laboratório de Investigação das Psicopatologias Contemporâneas (Lapsicon), telefones (24) 3344-3011 e 3344-3030. 

terça-feira, 13 de março de 2012

Países do Mercosul criam rede de investigação em biomedicina

Clarissa Vasconcellos – Jornal da Ciência

O ano de 2012 será marcado pela concretização do projeto da primeira rede de investigação em biomedicina do Mercosul, com a participação de institutos dos quatro países do bloco sul-americano. A iniciativa é parte do projeto regional Investigação, Educação e Biotecnologia Aplicadas à Saúde, e é financiada em grande parte pelo Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul (Focem), órgão para a redução das assimetrias regionais do território. O Brasil entrará com a experiência da Fiocruz, enquanto a Argentina será representada pelo Instituto de Investigação em Biomedicina de Buenos Aires (Conicet-Max Planck), vinculado ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação Produtiva. O Instituto Pasteur de Montevidéu, o Laboratório Central de Saúde Pública do Ministério da Saúde do Paraguai (LCSP) e centros associados (Instituto de Investigações em Ciências da Saúde/Universidade Nacional de Assunção e o Centro para o Desenvolvimento da Investigação Científica completam o grupo.


O objetivo da rede é pôr a biotecnologia a serviço da saúde da população

A rede, que durará inicialmente três anos, pretende abordar de forma coordenada o estudo de aspectos biológicos, epidemiológicos e sociológicos de doenças degenerativas da região. Estudará males como Alzheimer e Parkinson; doenças metabólicas como a diabete, a obesidade e disfunções cardiovasculares; patologias neurológicas como a demência e psiquiátricas como a depressão; imunológicas, com ênfase nas parasitárias, como a doença de Chagas; e genéticas e oncológicas como a distrofia muscular e o câncer de mama. O objetivo final, segundo informações do ministério argentino, é pôr a biotecnologia a serviço da saúde da população.

Também atuará na formação de recursos humanos e realizará a aquisição de equipamentos de última geração, além de proporcionar um ambiente de interação para a incubação de projetos inovadores e de desenvolvimento. Assim, a rede poderá criar as condições necessárias para o aumento do valor agregado nas cadeias produtivas do campo da saúde para as indústrias públicas e setor privado da região.

Ações e exemplos

Agueda Menvielle, diretora de Relações Internacionais do ministério de CT&I argentino, conta que o projeto nasceu há cerca de quatro anos. “Identificamos a possibilidade de conseguir financiamento para a área no Focem. Mas foi bastante difícil fazer com que nossos ministérios de economia entendessem que a CT&I são estruturais. Normalmente, considera-se estrutural a construção de um hospital ou de uma ponte, e não um projeto de C&T”, relata.

Menvielle lembra que a rede vai ajudar a preencher lacunas e que a biomedicina é uma área fundamental “pois está relacionada com todas as doenças que afetam a região neste momento”. “Os quatro países apresentam capacidades diferentes”, ressalta, destacando a excelência dos estudos brasileiros e argentinos em doenças como diabete e obesidade; o trabalho do Uruguai em patologias neurológicas e o estudo das doenças genéticas e oncológicas no Brasil, Paraguai e Uruguai. No campo da imunologia, ela afirma que os quatro países têm grandes contribuições.

Wilson Savino, pesquisador titular da Fiocruz, membro da Academia Brasileira de Ciências e responsável pelo projeto na instituição, conta que a Fundação, por meio da possível criação de um consórcio entre os países, vai capitanear a maior parte da formação de recursos humanos e que fará uma pequena coleção de células de uso no âmbito do projeto.

O logotipo da rede também será criado dentro da instituição brasileira. Em um primeiro momento, estima-se que entre 15 e 20 pesquisadores da Fiocruz participarão do projeto. “Junto com a Argentina e com o Uruguai, teremos a disponibilização de plataformas tecnológicas. Será comprado um seqüenciador de alto desempenho chamado Ion Torrent no âmbito do projeto”, detalha Savino, que conta também que está previsto um livro de neuroimunomodulação, com autores brasileiros e latino-americanos, provavelmente publicado pela editora da Fiocruz.

“Outra coisa que vamos montar este ano é uma rede latino-americana de neuroimunomodulação envolvendo diversos laboratórios”, acrescenta, lembrando que, dentro da rede, a Fiocruz estará muito envolvida na parte de neuroimunomodulação na doença de Chagas, além da migração de linfócitos em diversos modelos de doença. "Nesse âmbito, haverá projetos versando sobre linfomas, sobre neoplasias do tecido linfóide, que serão capitaneados por nós", revela. Em termos de infraestrutura, Savino conta que o Uruguai, por exemplo, vai montar baias para startup no Instituto Pasteur de lá. "Não teremos [estrutura como essa] aqui, mas poderemos usar baias do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde [CDTS], embora não esteja previsto no projeto".

Investimentos e plano

Segundo informações do Instituto Pasteur de Montevidéu, a rede contará com um financiamento de dez milhões de dólares, dos quais sete milhões serão aportados pelo Focem. A Argentina entrará com cerca de 640 mil dólares à parte do dinheiro que o Focem lhe destinará, para material de consumo, manutenção de equipamentos e construção de laboratórios. Por sua vez, a Fiocruz entra com uma contrapartida da ordem de US$ 600 mil.

Savino conta que assim que os recursos forem liberados, alunos e professores já poderão se deslocar. “Ainda estamos fazendo a malha desse deslocamento, que não está pronta. Será realizado na forma de disciplinas e de simpósios. Temos uma reunião marcada em março no Paraguai e a ideia é que se defina um plano de ação”, revela o pesquisador. A experiência de integração regional em CT&I poderia se estender a outros setores, de acordo com Agueda, que afirma também que a rede é “aberta a todos [institutos ou instituições] que quiserem se apresentar”.

Fonte: Fiocruz

sexta-feira, 9 de março de 2012

Diagnóstico fácil

Equipamento testa no sangue, em poucos minutos, microrganismos ligados a 20 doenças 

Simulação do funcionamento do disco sob luz ultravioleta
Um equipamento de diagnóstico capaz de detectar até 20 doenças em apenas alguns minutos está sendo desenvolvido por um consórcio liderado por três instituições de pesquisa do Paraná. Chamado de plataforma para diagnósticos multiplex, okit será produzido industrialmente, a partir de 2014, pela empresa Lifemed, com sede em Pelotas (RS). No início, o aparelho será utilizado para diagnóstico de HIV, citomegalovirose, rubéola, sífilis, toxoplasmose e hepatite A, B e C em exames de pré-natal na Rede Cegonha, programa do Ministério da Saúde de assistência a mães e bebês. A pesquisa para o desenvolvimento do produto é liderada pelo Instituto Carlos Chagas (ICC), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e pelas universidades Federal (UFPR) e Tecnológica Federal (UTFPR), todos de Curitiba, além de outras sete instituições de outros estados, com a articulação promovida pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) para Diagnóstico em Saúde Pública.

Segundo Marco Aurélio Krieger, pesquisador do ICC e coordenador do projeto, o novo equipamento foi desenvolvido baseado em dois conceitos, lab-on-a-chip (todo o laboratório contido em um cartão descartável) e point of care (de execução simples em consultórios ou ambulatórios). Assim, ele é portátil, pode funcionar a bateria e possibilita a realização do teste no próprio consultório médico ou até mesmo em locais remotos. “Além disso, todo o desenvolvimento do aparelho é nacional”, diz Krieger.

De acordo com Carlos Gadelha, secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, a sua pasta investirá cerca de R$ 950 milhões, em cinco anos, na compra dos kits. O número de equipamentos produzidos irá aumentar de forma progressiva nesse período. De acordo com ele, a compra pelo governo federal irá gerar uma economia de mais de R$ 177 milhões no decorrer dos cinco anos e o preço unitário do produto terá redução de cerca de 30% no período. “No primeiro ano (2014) serão produzidos 2 milhões de kits ao valor unitário de R$ 30,40”, explica. “No último ano (2019) vão ser fabricados 10 milhões de unidades ao valor de R$ 21,50 cada uma.” São valores sem impostos que incidem normalmente no produto, apenas incluem aqueles relativos ao pagamento de pessoal.

O equipamento é composto basicamente de três partes: micropartículas de poliestireno (o mesmo material usado para fabricar isopor); um disco de polímero, semelhante a um CD, chamado pelos pesquisadores de chip; e o equipamento que o faz rodar. Quem desenvolveu as partículas foi a equipe do físico Cyro Ketzer Saul, do Departamento de Física da UFPR. Cada uma delas tem cerca de 10 micrômetros de diâmetro (um micrômetro equivale à milionésima parte do metro). “Por meio de reações químicas, envolvemos as partículas com antígenos de um determinado patógeno, como vírus ou outros microrganismos causadores de doenças”, explica Krieger. O antígeno é uma proteína ou pedaço de proteína estranha ao organismo que provoca uma resposta imunológica com formação de anticorpos.

A segunda parte, o chip ou disco, também foi desenvolvida na UFPR, pela equipe do professor Wido Herwig Schreiner. Trata-se de um pequeno disco de três centímetros de diâmetro, com 40 “pocinhos”, divididos em dois círculos concêntricos, cada um com 20 deles. Cada par de pocinho (um do círculo interno e outro do externo) é ligado por uma microcanaleta ao centro do disco. Na parte externa dele há uma borda de material absorvente, chamada pelos pesquisadores de fraldão. A terceira parte do kit é um equipamento, desenvolvido na UFTPR pelo grupo do pesquisador Fabio Kurt Schneider, que faz girar o disco e dá o resultado do teste, mostrando se um determinado paciente está com uma das doenças analisadas.

Todo o processo de realização do diagnóstico é simples. Em cada pocinho do círculo interno do chip são colocados milhares de microesferas com antígenos para um determinado tipo de doença. Nos 20 pocinhos do círculo externo são inseridos anticorpos capazes de reconhecer anticorpos humanos. Por isso identificarão qualquer um ligado aos antígenos. Sua função é agir como controle. O teste é feito colocando-se uma gota de sangue no centro do disco, que é inserido no tocador para girar. À medida que ele gira, o sangue escorre pelas canaletas até os pocinhos. Havendo no sangue testado anticorpo para uma determinada doença, ele vai grudar no antígeno para tentar matá-lo. Desse modo se sabe que a pessoa cujo sangue está sendo testado possui a doença. “Mas para que isso possa ser visualizado é colocada, de forma automática, outra proteína no centro do disco, que novamente é rodado”, explica Saul. “A proteína é chamada de repórter e é capaz de grudar em qualquer anticorpo que tenha aderido à partícula com antígeno.”

O último passo é fazer incidir luz ultravioleta sobre o disco. A proteína repórter vai brilhar nos pocinhos com anticorpos, imagem que é captada por uma câmera do equipamento, tanto naqueles do círculo externo de controle como no interno que tiver sangue contaminado por uma determinada doença. “É importante o círculo de controle”, diz Krieger. “Se algum pocinho daqueles não brilhar, o teste é invalidado. É prova de que houve algum problema em sua realização.”

Até agora, o projeto já passou pela fase de bancada de laboratório, que comprovou sua viabilidade. “Já temos o que se chama uma prova de conceito”, explica Saul. “Sabemos que funciona e como funciona. Agora queremos produzir o equipamento industrialmente.” Para isso foi assinado em janeiro um convênio entre a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), a Fiocruz e o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), que prevê a liberação de R$ 8 milhões para as próximas fases de desenvolvimento, validação e registro do kit. O ICC vai coordenar esta nova etapa, que será desenvolvida com participação de duas outras unidades da Fiocruz, Instituto Aggeu Magalhães, de Pernambuco, e Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), do Rio de Janeiro, além da UFPR, da UTFPR e do IBMP.

Teste do protótipo

Essa fase também terá a participação da Lifemed. Segundo seu gerente comercial nacional, Carlos Passos, em primeiro lugar, o projeto vai envolver a área de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da empresa. “A partir de uma configuração inicial e das características do equipamento que atendam às necessidades do Ministério da Saúde vamos desenvolver primeiro um protótipo”, explica. “Ele será testado em bancada de laboratório, antes de ser feito qualquer teste em pacientes. Depois disso, que normalmente é um processo demorado, será realizada a parte de testes clínicos. A produção propriamente dita é a última etapa e deve ocorrer de acordo com o contrato do Ministério da Saúde.”

Não deverá faltar mercado para o uso dos kits. Segundo dados do Ministério da Saúde, todos os anos nascem no Brasil cerca de 3 milhões de crianças. Levando-
-se em conta que 75,5% da população brasileira não tem plano privado de saúde, estima-se que cerca de 2,3 milhões de gestantes dependem do SUS para suas consultas e exames do pré-natal. Ainda de acordo com o ministério, considerando-se que o número mínimo de consultas realizadas no Brasil é quatro por gestação durante o pré-natal, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda não menos de seis – e que em cada consulta sejam realizados os testes recomendados para HIV, rubéola, sífilis, toxoplasmose e hepatite B –, o número estimado deles é de 9,1 milhões por ano.

Ainda não existem dados disponíveis sobre os gastos do SUS com a realização desses testes, mas, considerando que um imunoensaio na plataforma Elisa custa, para outros programas do ministério, cerca de US$ 2 cada um, estima-se que seriam gastos anualmente cerca de R$ 247,8 milhões por ano com os exames. 

Outros dados do ministério também mostram a importância dos investimentos para desenvolver tecnologias nacionais para o atendimento em saúde, principalmente no pré-natal. Eles mostram que em 2009, por exemplo, foram realizados 19,4 milhões de consultas com gestantes. Um aumento de 125% no acesso aos serviços de saúde para as consultas do pré-natal em relação a 2003.

Com a implantação total do programa Rede Cegonha em 2014, que tem como um dos seus objetivos a ampliação do acesso das gestantes aos serviços de saúde, o Ministério da Saúde espera um aumento significativo no número de consultas. Para Gadelha, do ministério, os acordos com instituições de pesquisa e empresas nacionais para o desenvolvimento de produtos e tecnologias possuem um caráter sistêmico de inovação, envolvendo o avanço em novas abordagens biotecnológicas e o esforço para a produção de equipamentos e dispositivos médicos no Brasil.

Um dos objetivos do projeto é a máxima de nacionalização possível do equipamento. Dispositivos como o chip e a câmera devem ser importados. A meta é que outros componentes do kit sejam nacionalizados como as proteínas (antígenos e anticorpos), o disco de polímero da base do chip, as micropartículas de poliestireno que se ligarão às proteínas e o dispositivo acionador do chip. “No caso das micropartículas já está em andamento um processo de solicitação de patente pela Fiocruz”, diz Saul. Além da Lifemed, que produzirá o dispositivo acionador do chip e fará a montagem e comercialização do produto, a Fiocruz está apoiando a criação de empresas spin off para a produção dos componentes plásticos que comporão o disco do chip.

Autor: Evanildo da Silveira
Edição Impressa 192 - Fevereiro de 2012

quinta-feira, 8 de março de 2012

As mulheres na ciência brasileira: crescimento, contrastes e um perfil de sucesso

por Jacqueline Leta.

HISTORICAMENTE, a ciência sempre foi vista como uma atividade realizada por homens. Durante os séculos XV, XVI e XVII, séculos marcados por diversos eventos e mudanças na sociedade que possibilitaram o surgimento da ciência que conhecemos hoje, algumas poucas mulheres aristocráticas exerciam importantes papéis de interlocutores e tutores de renomados filósofos naturais e dos primeiros experimentalistas. Não obstante suas qualidades e competências, não lhes era permitido o acesso às intensas e calorosas discussões que aconteciam nas sociedades e academias científicas, que se multiplicaram no século XVII por toda a Europa e tornaram-se as principais instituições de referência da ainda reduzida comunidade científica mundial. No século XVIII, essa situação pouco se modificou e o acesso das mulheres a essa atividade, com poucas exceções, deveu-se principalmente à posição familiar que elas ocupavam: se eram esposas ou filhas de algum homem da ciência podiam se dedicar aos trabalhos de suporte da ciência, tais como, cuidavar das coleções, limpar vidrarias, ilustrar e/ou traduzir os experimentos e textos. O século seguinte é marcado por ganhos modestos no acesso de mulheres às atividades científicas, como a criação de colégios de mulheres, mesmo assim, elas permaneceram às margens de uma atividade que cada vez mais se profissionalizava. A mudança nesse quadro inicia-se somente após a segunda metade no século XX, quando a necessidade crescente de recursos humanos para atividades estratégicas, como a ciência, o movimento de liberação feminina e a luta pela igualdade de direitos entre homens e mulheres permitiram a elas o acesso, cada vez maior, à educação científica e à carreiras, tradicionalmente ocupadas por homens1

Os estudos sobre as mulheres na ciência

A primeira obra mais detalhada sobre a participação e realização de mulheres na ciência foi Women in Science, escrita, em 1913, por H. J. Mozans, um padre católico. Segundo Schienbinger (2001) essa obra convidava "as mulheres a atuarem no empreendimento científico e desencadearem as energias de metade da população do planeta". A partir daí, a literatura sobre gênero na ciência cresceu, ainda de forma incipiente, até os anos de 1970, ganhando destaque e importância entre os acadêmicos, principalmente, a partir dos anos de 1980. Analisada e discutida por estudiosos de diferentes áreas, sejam eles historiadores, sociólogos, biólogos, críticos culturais e filósofos e historiadores da ciência, essa temática torno-se em pouco tempo uma linha de pesquisa de múltiplas abordagens. Além disso, importante mencionar o papel de órgãos internacionais tal como a da Unesco que, desde a década de 1990, vem realizando estudos, pesquisas e, também, atividades, tal como conferências, que visam a discutir e a propor ações para a maior inclusão das mulheres nas atividades de ciência e tecnologia (C&T).

Dentre os primeiros estudos publicados em periódicos científicos está o de Alice Rossi (Rossi, 1965). Publicado em uma das mais respeitosas revistas científicas do mundo, a Science, o artigo discute a participação de mulheres trabalhando em atividades de C&T nos Estados Unidos, nos anos de 1950 e 1960. Os dados desse estudo mostraram uma participação muito reduzida de mulheres empregadas em atividades de C&T em algumas áreas: nas engenharias, elas representavam cerca de 1% do total de empregados; já nas ciências naturais a participação delas foi de aproximadamente 10%, oscilando entre 5% na física e 27% na biologia. Diante desse quadro, a autora discutia o papel de alguns aspectos sociais e/ou psicológicos que poderiam explicar a baixa participação de mulheres em C&T naquele país, são eles: (a) a prioridade do casamento e da maternidade diante da escolha profissional, (b) a influência dos pais na escolha da carreira de seus filhos, determinando o que devem ser atitudes e comportamentos "femininos" e "masculinos" e (c) incompatibilidades ou diferenças de cunho biológico e/ou social entre homens e mulheres, tal como nas habilidades cognitivas, na questão da independência, de persistência e do distanciamento do convívio social.

Não obstante o fato de retratarem um quadro dos anos de 1960, esses mesmos aspectos aparecem, com maior ou menor destaque, na maior parte da literatura mundial sobre gênero na ciência que tem sido publicada desde então. Além desses, outros aspectos também aparecem freqüentemente nessa literatura, tais como: cientistas do sexo feminino quando comparado com os cientistas do sexo masculino, em geral, (a) têm desempenho/produtividade inferior, (b) têm menor acesso aos altos cargos acadêmicos, (c) recebem recursos menores para pesquisa e (d) recebem salários mais baixos. Obviamente, as causas para tamanhas diferenças e discrepâncias são muito complexas e envolvem múltiplos fatores, sejam eles de ordem social, cultural ou econômica2.

Em relação à literatura brasileira sobre essa temática vale dizer que ela ainda é incipiente e, em geral, de difícil acesso e muito dispersa. Dados sistemáticos como os citados anteriormente não existem para o Brasil. Segundo Lopes (1998), ainda há muito trabalho para ser feito no Brasil, começando por uma sistematização do que existe (publicado) sobre o tema, numa área de estudos que, no país, se caracteriza pela dispersão de suas poucas publicações. De fato, essa literatura não está acessível nem mesmo na principal base de dados da comunidade científica brasileira, o Diretório de Grupos de Pesquisa3. Em uma rápida consulta a essa base foi possível encontrar apenas 21 publicações, em cujo título ou palavras-chaves havia a expressão "gênero e ciência", todas elas publicadas por instituições acadêmicas/científicas em periódicos de circulação nacional. Esse dado sugere pelo menos duas alternativas: ou (a) há poucos estudos e estudiosos nessa temática no Brasil ou (b) há muitos estudos e estudiosos nessa temática no Brasil, mas que estão fora da academia e/ou não utilizam essa ferramenta (a base de dados) para tornar acessível a informação sobre seus estudos.

Dentre os esforços (muitos deles pessoais) realizados para que esses estudos se fortificassem no país, destaca-se o pioneirismo do Núcleo de Estudos so-bre a Mulher. Criado em fins dos anos de 1980, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, esse núcleo estimulou a criação de novos núcleos no país e realizou diversas pesquisas e estudos sobre ciência e gênero, alguns dos quais estão reunidos em O laboratório de Pandora (Fanny, 2002), livro escrito por Fanny Tabak, fundadora do Núcleo e, sem dúvida, um dos expoentes desses estudos no país.

Dentre os poucos estudos brasileiros publicados em periódicos científicos, destaco dois que utilizaram dados objetivos para pautar a discussão sobre alguns aspectos da temática da mulher na ciência, são eles: A construção social da produção científica por mulheres (Velho, 1998) e The Contribution of Women in Brazilian Science: A Case Study in Astronomy, Immunology and Oceanography (Leta, 2003). No primeiro estudo, os autores analisaram e discutiram a participação das mulheres no corpo docente, em cargos administrativos e na produção científica de alguns institutos da Universidade de Campinas. Dentre a evidências, os autores encontraram que as mulheres na Unicamp ainda são minoria em algumas áreas, estão concentradas em outras e avançam lentamente na carreira científica. Em relação ao outro estudo, os autores mostraram que a produtividade de mulheres cientistas é proporcional à participação delas nas áreas analisadas, indicando, portanto, que no Brasil, pelo menos nessas áreas, é mito a afirmativa de que mulheres cientistas produzem menos que homens.

Confira o artigo completo publicado originalmente em Estudos Avançados, v. 17, n. 49, São Paulo, Sept./Dec. 2003, clicando aqui.

Projeto 'UFF mulher' inicia sua programação para 2012 no dia 8 de março

A primeira ação do projeto "UFF Mulher 2012" começa no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, no Hospital Universitário Antônio Pedro e na Escola de Serviço Social. No saguão do Huap, o público em geral poderá ter acesso a diversas atividades, como aferição de glicose e pressão arterial, aplicação de shiatsu, terapia de florais, massoterapia e reflexologia, auricoloterapia, orientações sobre doenças sexualmente transmissíveis (DST), além de oficinas de ikebanas e origami. No mesmo dia haverá ainda, no saguão do hospital, distribuição de plantas para o autocuidado da saúde feminina e diversas apresentações culturais, todas abertas ao público. 

Também no dia 8 de março, a Escola de Serviço Social realiza, às 18h, uma mesa-redonda com o tema "Estudos de Mulheres e Serviço Social", com a presença da professora Suely Gomes Costa, da UFF, que fará uma homenagem póstuma à professora Violeta Campofiorito Saldanha da Gama, falecida recentemente. Haverá também uma grande exposição intitulada "Mulheres e o 8 de Março", organizada pelos projetos "Observatório de Violência contra Mulheres" e "A Universidade e as Mulheres’, ambos de Niterói. A exposição estará aberta à visitação do público no período de 5 a 9 de março. 

A coordenação do projeto "UFF mulher" está preparando para todo o ano de 2012 uma programação recheada de atividades voltadas para os cuidados da saúde feminina, com debates acerca das questões da mulher no contexto atual. 

O "UFF Mulher", criado em 2010 pela Pró-Reitoria de Extensão (Proex), tem como objetivo promover reflexão e discussões sobre as questões do universo feminino. Em 2011, realizou diversas ações, entre conferências, mesas-redondas, exposições e atividades ao ar livre, que aconteceram em Niterói e Nova Friburgo. A principal proposta desse projeto para 2012 é ampliar seu alcance de atuação, estendendo seu trabalho para as demais unidades fora da sede.

terça-feira, 6 de março de 2012

CNPq assina acordo com o National Institutes of Health dos Estados Unidos

A chamada pública para candidatos deve ser divulgada em breve.

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) firmou esta semana acordo de cooperação com o National Institutes of Health (NIH), dos Estados Unidos, para capacitação de pessoal no nível de pós-doutorado. Pelo acordo, os doutores brasileiros selecionados para pesquisar na instituição receberão bolsa do CNPq a qual será complementada pelo NIH.

O NIH é apontado como o maior complexo de pesquisa em saúde dos EUA, com um orçamento anual de US$ 31.2 bilhões para pesquisa médica. Mais de 80% desse montante é concedido via cerca de 50 mil projetos a mais de 300 mil pesquisadores em mais de 2.500 instituições. Aproximadamente 10% do orçamento (US$ 3.1 bilhões anuais) é empregado na pesquisa em laboratórios do próprio NIH, que tem seis mil cientistas.

A primeira chamada será feita para pesquisas a serem desenvolvidas nos laboratórios do próprio NIH (intramural) e em chamadas posteriores serão também incluídas aquelas realizadas nos laboratórios financiados pelo NIH em outras instituições (extramural).
(Ascom do CNPq)

Fonte: Proppi UFF

quinta-feira, 1 de março de 2012

Acesso da UFF ao SciFinder Web

A Universidade Federal Fluminense foi selecionada para participar do Projeto Piloto que possibilitará o registro e acesso ao  SciFinder Web [ferramenta de pesquisa nas áreas de ciências biomédicas, química, engenharia, ciência dos materiais, ciências agrárias] por usuários com endereços de e-mail particulares.

Até o presente momento o registro para acesso ao SciFinder Web só pode ser realizado por usuários que possuam e-mail institucional.

O conteúdo do SciFinder inclui modelos de estrutura química e pesquisas pela combinação e reação entre elementos, que podem ser empregados em combinação e reação entre elementos, que podem ser empregados em atividades de pesquisa, na pós-graduação e na formação de alunos de graduação.

Com a mudança de acesso a expectativa é que o conteúdo seja ainda mais explorado por alunos e professores.

O acesso à base necessita de cadastro prévio, a página de registro não funcionará fora do campus.

Depois de preencher e enviar o formulário de inscrição, o CAS lhe enviará uma mensagem de e-mail com instruções para concluir o processo de registro.

INFORMAÇÕES E SUPORTE

O editor oferece serviço de help-desk no Brasil: help@systemsint.info
Se você tiver dificuldade em encontrar ou acessar a página de registro, entre em contato com Aline Almeida pelo e-mail aline.almeida@systemsint.info ou pelo telefone (11) 5051-0975.
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